Um informe preparado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a que o colunista do UOL Jamil Chade teve acesso, traz um raio-X dramático sobre a situação da Itália ao se tornar epicentro da pandemia em suas primeiras semanas no Ocidente. Os sistemas de monitoramento criados pelo governo não eram capazes de identificar indivíduos que deveriam ter sido testados, o governo se mostrava despreparado e o caos rapidamente tomava conta do sistema de saúde. "As festividades carnavalescas estavam começando. As cidades estavam repletas de turistas, assim como as estações de esqui e os jogos de futebol, e as crianças iam à escola. Então, em 21 de fevereiro de 2020, tudo mudou muito de repente", aponta o texto. Parte do país passou das festividades para um lockdown no espaço de 24 horas, mas o vírus já tinha se espalhado. Publicado originalmente em maio do ano passado, o documento acabou sendo retirado do ar pela agência. Nele, especialistas classificam como tardia a reação do governo, apontam descentralização na gestão da pandemia e abordam ainda o pânico que tomou conta da população, a contaminação de profissionais de saúde, a falta de respiradores e até de luvas e aventais. Oficialmente, a OMS insiste que apenas aboliu o documento por "erros factuais". Mas não explica nem quais são esses erros e nem se atreve a corrigi-los. Seus autores denunciaram a atitude alegando que uma censura significaria que mais pessoas poderiam morrer. O objetivo do informe era mostrar aos demais países o que falhou na Itália para ajudar outros governos a evitar o mesmo destino nos meses que se seguiram. Naquele momento, a Europa vivia o fim da primeira onda de casos.
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