O ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Operação Lava Jato acertaram atos processuais e, em conversas secretas pelo Telegram, estabeleceram acordos sobre como proceder com a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), meses antes da apresentação formal do caso, apontam Jamil Chade e Nathan Lopes. Essas afirmações, com trechos das conversas, fazem parte de uma reclamação que a defesa de Lula submeteu ao STF (Supremo Tribunal Federal), ao solicitar que o restante da informação de operações da Polícia Federal seja liberado. Os advogados apontam chats em que Moro conversava secretamente com o procurador da República Deltan Dallagnol. Na conversa, pode-se ler uma pergunta de Moro a Dallagnol, no dia 23 de fevereiro de 2016: "Vcs entendem que já tem uma denúncia sólida o suficiente?". As mensagens são reproduzidas da forma original. "Sim", respondeu Dallagnol, quase uma hora depois. "Na parte do crime antecedente, colocaremos que o esquema Petrobras era um esquema partidário de compra de apoio parlamentar, como no Mensalão, mas mediante indicações políticas usadas para arrecadar propina para enriquecimento ilícito e financiamento de campanhas", disse a Moro. "Com a saída de JD [o ex-ministro José Dirceu] da Casa Civil, o esquema só se perpetuou porque havia alguém acima dele na direção", disse. Dias depois, em 4 de março, Moro decretou a condução coercitiva de Lula. Mas a denúncia da Lava Jato contra o ex-presidente só seria apresentada sete meses depois. Procurados, Moro, Dallagnol e o Ministério Público Federal indicaram que não iriam comentar o caso.
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