O governo trocou o comando do Ministério da Saúde pela segunda vez durante a pandemia do novo coronavírus. Nelson Teich pediu demissão antes de completar um mês no cargo. Ele não teve apoio da área técnica da pasta, passou a ser alvo de críticas dentro e fora do governo e vinha sendo pressionado pelo presidente Jair Bolsonaro a mudar o protocolo sobre o uso da cloroquina, substância que não tem eficácia contra a Covid-19 comprovada — estudos recentes mostram que a substância fracassou em melhorar o quadro de saúde de infectados.
Ao se despedir, Teich não explicou o motivo para a demissão. “A vida é feita de escolhas, e eu escolhi sair”, afirmou em entrevista coletiva. Ele é o nono ministro a deixar o governo Bolsonaro.
Repercussão: a saída de Teich irritou líderes do Congresso, que criticaram as atitudes de Bolsonaro na condução da crise sanitária. As críticas se repetiram na comunidade médica. Entidades do setor reclamaram do caos na gestão da Saúde e alertaram para prejuízos diante da gravidade da pandemia. A demissão foi destacada pelos principais jornais da imprensa internacional. Panelaços e buzinaços foram registrados no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília.
O que acontece agora: o general Eduardo Pazuello, atual secretário-executivo da Saúde, deve assumir o cargo interinamente. Ele deve autorizar o protocolo sobre a cloroquina, como quer Bolsonaro.
Pazuello é um dos cotados para ser nomeado novo ministro da Saúde. Também estão cotados o deputado Osmar Terra, ex-ministro da Cidadania de Bolsonaro, e a imunologista Nise Yamaguchi — ela defende o uso da cloroquina e se reuniu com o presidente pela manhã.
Em paralelo: um dia depois da divulgação de trechos da reunião ministerial de 22 de abril, Bolsonaro admitiu ter citado a Polícia Federal diante de ministros. Ele havia negado a menção ao órgão durante toda a semana. O vídeo da reunião foi apontado por Sergio Moro como prova de tentativa de interferência do presidente.
As pressões públicas de Bolsonaro para troca na superintendência da Polícia Federal no Rio começaram duas semanas depois que um juiz eleitoral enviou à PF inquérito sobre Flávio Bolsonaro.
A pandemia do novo coronavírus acelera no Brasil em meio à crise no Ministério da Saúde. O país atingiu recorde de pessoas infectadas pelo terceiro dia seguido: foram 15.305 casos confirmadas desde ontem. O balanço do governo informa 824 casos fatais em 24 horas.
O que está acontecendo: São Paulo, estado com 58.378 casos e 4.501 mortes, já tem protocolo para a adoção do lockdown. A medida, no entanto, ainda não foi confirmada. O governo do estado e a prefeitura definiram o protocolo e debatem a implementação em municípios da região metropolitana.
Em foco: Minas Gerais, segundo estado mais populoso do país, chama atenção pelo baixo número de casos. São 4.196 segundo o atual balanço. O estado ocupa o 11º lugar na lista de infecções — e é o segundo com a menor taxa de testes.
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7 notícias importantes do dia
Risco Bolsonaro: embaixadas têm recebido pedidos para retirar diplomatas e funcionários do Brasil. País passou a ser considerado perigoso pela condução do presidente na pandemia.
Prioridades: o governo entregou à Câmara lista de projetos prioritários para os próximos meses. Nenhum deles trata da crise do coronavírus.
Socorro do BNDES: Azul, Gol e Latam aderiram ao programa de ajuda de R$ 6 bilhões. Em paralelo, 19 mil empresas pediram ao banco para suspender pagamentos de empréstimos que somam R$ 8,7 bilhões.
Auxílio: o governo divulgou cronograma e começará a pagar a segunda parcela dos R$ 600 a informais e autônomos a partir de segunda-feira.
Sem vagas: o desemprego aumentou em 12 estados no primeiro trimestre, já impactado pela pandemia. A Bahia tem a maior taxa.
Caça ao vírus: a Rússia superou os 260 mil casos de Covid-19 e passou a fazer testes gratuitos em massa em Moscou.
Berço da pandemia: Wuhan já testou um terço de seus habitantes e almeja examinar toda a população, de 11 milhões, este mês.
Saga da cura: um laboratório americano disse ter descoberto anticorpo capaz de evitar contaminação pelo coronavírus. Ações subiram 158%.
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