Alguém em casa? Esperamos que sim. Nesse dia número 377.889 de quarentena, é capaz de você já ter tentado cortar a própria franja, aprendido que é preciso lavar a embalagem de água sanitária com água sanitária e experimentado muitas sensações em apenas um dia de home office. Calma, você não está sozinho nessa. Nesta edição da newsletter do TAB, compartilhamos os ensinamento do curso de felicidade de Yale, para saber se é possível ser feliz durante a pandemia, os pensamentos que o cineasta Fernando Meirelles têm tido em seu isolamento, e as razões que fizeram o "Big Brother Brasil" dizer tanto sobre a gente nesse momento de exceção. Vem! O Brasil tá vendoSe a pandemia parece estar longe de terminar, pelo menos chegou ao fim o confinamento mais vigiado do país. Com recordes históricos de engajamento, o BBB se tornou o programa mais absurdista do ano — pensa: uma sociedade isolada em casa passou meses opinando sobre... gente confinada na TV. Entre fadas sensatas e cancelados, esse espelho refletiu as grandes tretas da nossa sociedade, como racismo e machismo, além da polarização política (e, porque não, amorosa, no caso da disputa de torcidas lideradas por Bruna Marquezine e Neymar). Ex-participantes, pesquisadores e antropólogos explicam por que essa edição turbinou tanto nossas paixões (e ódios). Ensaio sobre cegueirasHá 10 anos, Fernando Meirelles adaptou ao cinema o drama existencial de José Saramago e colocou na tela ruas de São Paulo e de outras cidades do mundo vazias, cenas que a gente passou a ver ao vivo, da janela das nossas casas (pelo menos na época em que o índice do isolamento das cidades ultrapassava os 50% de adesão). Em seu isolamento, o cineasta brasileiro compartilha pensamentos sobre o momento em que a distopia saiu das telas. "As duas epidemias, a do livro do Saramago e esta de agora, nos mostram quão frágil é nossa civilização. Estamos apoiados em quase nada. Um inimigo sem passaporte, sem religião, sem distinção de cor, raça ou posição social — e, ainda, invisível — parou parte do planeta. Tudo pode se perder num estalo", diz. Índice de felicidade: 2,5Saudade de quando seu sofá era apenas lugar para descansar, não é, minha filha? Antes da pandemia (séculos atrás), parece que parte da nossa noção de felicidade era determinada pela mesmice de nossa própria rotina, separada categoricamente entre registros de crachá no trabalho, horários de almoço e folgas aos finais de semana. Como fica quando espaços e horários parecem todos suspensos? Do quarto que se tornou seu escritório, a repórter Letícia Naísa encarou o desafio de ser menos infeliz na quarentena no chamado "curso da felicidade" da Universidade de Yale. Spoiler: Não deu muito certo. Batalha de janelasAchou que era só no Twitter que o pau comia? Já faz um tempo que as janelas e varandas de boa parte da classe média se tornaram espaços de expressão durante a quarentena, traduzindo para a vida real a experiência de se discutir sobre política nas redes sociais — com direito a panelas, vuvuzelas, projeções visuais em fachadas e paredes e hino nacional tocado em caixa de som. Para a antropóloga e pesquisadora Débora Diniz, esse espaço da casa se tornou bunker de resistência. "Você vai guerrear com o que restou desse corpo político, que é pelo grito ou pela ofensa", ela diz. E isso está longe de ser considerado participação política. Para onde vamos, mesmo?No episódio do podcast "Fora da Curva" desta semana, a empreendedora e criadora de conteúdo Monqiue Evelle troca uma ideia com o antropólogo Michel Alcoforado sobre o cenário pós-pandemia e como esse momento vai desmaterializar nossas relações de trabalho e afeto. Já falamos aqui como as gerações serão impactadas neste momento em que o presente e o futuro estão suspensos, mas qual é o impacto no capitalismo quando se bagunça os conceitos de tédio e ansiedade? "Eu brinco que é: medita, respira, faz a sua yoga e tenta enfrentar o mundo, que o mundo precisa de batalha, viver é duro", aconselha o colunista do TAB. Mulheres em busca de sanguePouco antes de a quarentena ser decretada na capital paulista, a repórter Marie Declercq fez o curso "Local de Crime", ministrado pelo casal de peritos criminais Rodrigo Wenceslau e Débora Lira Colombelli. Dos 17 alunos, 15 eram mulheres. Esse interesse feminino tem mudado a cara da perícia criminal, derrubando o estereótipo de ser uma profissão masculina. Elas contam porque analisar cenas de crimes, manipular cadáveres e correr risco em locais insalubres é um trabalho sujo, mas apaixonante. HIV x Covid-19A comunidade científica corre contra o relógio fazendo pesquisas e análises para produzir dados essenciais para combater a Covid-19. Com poucas informações disponíveis, a OMS expressou preocupação em relação à população que vive com HIV. Portador há dez anos, Diego Callisto conta que teve um flashback ao receber o diagnóstico positivo para a Covid-19, no final de março. "Foi uma ansiedade visceral que tomou conta de mim, porque não sabia o que poderia acontecer." Curado do vírus, ele compartilhou sua experiência neste cenário de incerteza: "é importante dizer que a Covid-19 não é uma sentença de morte para pessoas vivendo com HIV". |
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