As empresas com ações na Bolsa começaram a divulgar os resultados do primeiro trimestre deste ano. Para quem investe ou quer investir em ações ou fundo de ações, é a oportunidade para checar o quanto a crise do coronavírus atingiu as companhias e que empresas estão em melhores condições. Antes de mais nada, porém, especialistas alertam que os números não refletem totalmente o impacto das medidas de isolamento social para conter a pandemia porque se referem apenas ao período de 1º de janeiro a 31 de março. O impacto ainda será sentido pelo menos até o segundo trimestre, já que as medidas continuam em vigor em abril e maio. Dinheiro em caixaPara o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira, há setores que serão menos, e outros mais afetados. "As empresas que vão se destacar serão aquelas que têm liquidez e que poderão conseguir atravessar a crise com mais um pouco de gás", afirmou. A quantidade de dinheiro em caixa é uma informação muito importante, segundo Marcelo Botelho Moraes, professor de contabilidade da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto. Quanto mais recursos uma companhia tiver, maior a possibilidade de que consiga sobreviver ao período de vendas magras. Ele lembra que as empresas não conseguem cortar custos na mesma velocidade com que as receitas caem. Por isso, ter reserva de caixa é fundamental para cobrir os compromissos fixos, como salários, aluguéis, fornecedores etc. Veja abaixo alguns indicadores dos balanços que merecem atenção especial do investidor, porque darão pistas sobre o quanto a empresa está preparada para atravessar a crise. Liquidez correnteCompara quanto dinheiro a empresas tem disponível para usar imediatamente e quanto precisa desembolsar para pagar compromissos também de curto prazo. Para chegar a esse indicador, é preciso dividir o número na linha do balanço do "ativo circulante" pelo número do "passivo circulante". Quanto mais baixo esse resultado, mais complicada é a situação da companhia. Um bom referencial é o da liquidez corrente média das empresas brasileiras com ações na Bolsa, de 2,1. Ou seja, para cada R$ 1 de despesa de curto prazo, as companhias tinham R$ 2,1 em caixa. Ciclo financeiroMostra quanto tempo uma empresa leva para receber o pagamento por um produto ou serviço depois de ter feito um gasto para colocá-lo no mercado. Por causa desse intervalo de tempo, as empresas precisam ter uma parte dos ativos em caixa em dinheiro. Na média, as ações de empresas na Bolsa brasileira têm ao redor de 10% de seus ativos em caixa, com liquidez imediata, o que é um bom referencial para a sua análise. Dívida em relação à receitaRefere-se a quanto da receita uma empresa gasta para pagar suas dívidas. Quanto mais endividada, mais a empresa vai gastar com esses compromissos e, assim, mais complicado será para essa companhia atravessar um período de queda de vendas. Moraes destaca que as empresas com ações na Bolsa são, em sua grande maioria, companhias de grande porte, com recursos em caixa para não correr risco de dar calote. Pergunta da semanaA leitora Kátia M. F. Cassoni pergunta: " Tenho uma aplicação no Tesouro IPCA +5,5%. O gerente me aconselha a resgatar. Isso seria interessante?" Se o seu investimento em Tesouro IPCA +5,5% faz parte da sua carteira de investimentos de médio ou longo prazo, o ideal seria não resgatar neste momento. Ele está sendo um bom investimento, com baixo risco de crédito por ter garantia do governo brasileiro. Em relação à rentabilidade, é indicado por garantir o poder de compra via variação do IPCA, entregando 5,5% de ganho real. Ganho real é o que ganhamos além da inflação. Lembrando que é um título sujeito ao Imposto de Renda. A sugestão é manter esse papel se você não tiver necessidade de utilizá-lo no curto prazo, pois para reservas de emergência o indicado são aplicações conservadoras e com liquidez imediata, por exemplo, Tesouro Selic. A resposta é de Gabriele Barbosa, planejadora financeira certificada pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros). Queremos ouvir vocêTem alguma dúvida ou sugestão sobre investimentos? Mande um email para uoleconomiafinancas@uol.com.br |
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