Vivemos a era da Web 2.0 quando falamos de internet. E, segundo consta, vem aí a Web 3.0, que será marcada pelo uso de blockchain no lugar de servidores e de computação volumétrica no lugar de telas. Trata-se de um assunto complexo, mas que o colunista de Tilt Álvaro Machado Dias nos explicou em sua mais recente coluna. E, mais, segundo ele, a realidade da nova internet é bem diferente do que se imaginava. O que rolou A Web 3.0 resolveria, por exemplo, a assimetria da internet em que as reações espontâneas dos usuários determinam o que vai ser comercializado nas redes sociais, mas que, ao mesmo tempo, negam a esse usuário qualquer papel de decisão. A próxima fase da internet deveria incorporar e aprimorar princípios de governança já aplicados pelas fundações e outras comunidades de usuários das diferentes criptomoedas (blockchains) na construção de plataformas digitais e, num segundo momento, na própria arquitetura de base da rede. É a chamada blockchainização da internet. Ainda não está claro como se dará a monetização na Web 3.0, dado que a criptomoeda dificulta o planejamento financeiro. Além disso, o combate às fake news também seria menos eficiente. A promessa de autonomia, na era da desinformação é, sobretudo, a de salvaguardas para as mesmas. Enquanto a Web 3.0 traz a promessa de uma internet mais participativa, o metaverso traz a de uma versão mais aderente à maneira como a gente vê o mundo, com sua tridimensionalidade característica. Na plataforma Decentraland, já existem diversas pessoas pensando apenas em ganhar dinheiro, através de ativos digitais vendidos no marketplace da empresa, como obras de arte e, principalmente, terrenos virtuais. Por que isso é importante Machado Dias acredita que estamos vivendo a primeira bolha imobiliária digital da história, a qual deve estourar em breve. Quando o frisson passar, as empresas invariavelmente irão se perguntar o que fazer com esses terrenos digitais num ambiente digital que ninguém visita. E isso tem chances de gerar uma crise de credibilidade. O cruzamento entre Web 3.0 e metaverso não é necessário, mas é conveniente para os envolvidos, especialmente fundos, que vêm capitalizando com a expectativa de que estes irão bombar em breve. Para resumir o papo, hoje os criadores de conteúdo têm importância crucial. E existe uma abordagem prática e conceitual bem definida para lhes empoderar: as organizações distribuídas, com seus modelos de governança e funcionamento descentralizados. Mas, junto com o bônus vem o ônus: usabilidade inferior; problemas de coordenação que afetam as estratégias de segurança e marketing; fake news; instabilidade cambial dos tokens, impactando o planejamento financeiro; além, é claro, da própria necessidade de ter que participar de interações que em nada tem a ver com a gravação de vídeos de gatos, receitas ou dancinhas. Isso tudo sugere que o terráqueo médio seguirá falando mal das big techs, enquanto as escolhe para a postagem de seus conteúdos, monetizados ou não, por um bom tempo. Se assim for, o mais provável não é que DAPPs, como Decentraland, percam tração e desapareçam, mas que se firmem como opções relativamente nichadas, tal como tantas outras, típicas da Web 2.0 (Twitch, Pinterest, Reddit, etc.). Uma fatia do metaverso virtual estará aí, mas ela deve ser menor do que a corporativa. Em paralelo, o que já se observa é que as big techs vêm admitindo, cada vez mais, a necessidade de adotar princípios de governança e monetização menos verticalizados. |
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