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No Reino Unido, duas em cada dez libras investidas em fundos de pensão estão ligadas ao desmatamento no exterior. Isso é equivalente a cerca de 300 bilhões de libras (US$ 406 bi) dos pensionistas britânicos financiando cortes de floresta. A informação é de um estudo divulgado na quarta-feira (23/2) pelo grupo ativista MMM (Make My Money Matter) em parceria com Global Canopy e Systemiq. A conexão com o desmatamento, segundo a pesquisa, se dá pelo financiamento de empresas ligadas à importação de commodities agrícolas e florestais, como soja, carne e madeira. O Brasil é o destaque do levantamento, que usa dados do Imazon para informar que o desmatamento no país cresceu 29% em 2021 na comparação com 2020. À Sky News, Sônia Guajajara, coordenadora executiva da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) disse que os poupadores britânicos "têm poder para ajudar a salvar as florestas", e exortou as pessoas a "usar sua voz para mudar a maneira como sua aposentadoria é investida, criando um mundo no qual você realmente vai querer se aposentar." A reportagem da emissora britânica ouviu ainda o representante dos fundos de pensão do país, Nigel Peaple, que criticou a metodologia para chegar ao valor de 300 bilhões de libras e disse que os administradores são mais seletivos na decisão de investir em empresas com histórico ambiental ruim do que a pesquisa sugere. Ele reconheceu, contudo, que tais empresas não estão desempenhando bem os investimentos de longo prazo que já receberam. O estudo faz parte de uma campanha, liderada pelo ator Richard Curtis, que incentiva cidadãos britânicos a vigiar para onde seus investimentos estão sendo direcionados e cobrar que empresas ligadas ao desmatamento sejam proibidas de acessar os recursos. "Não pode haver ação sobre a mudança climática sem enfrentar o desmatamento", disse Curtis à Sky News. Os fundos de pensão no Reino Unido administram aproximadamente 2.7 trilhões de libras (US$ 3,6 trilhões). As aposentadorias dos países ricos são instrumentos econômicos poderosos e podem ser usadas contra empresas implicadas no agravamento das mudanças climáticas, sugere uma pesquisa da Universidade de Washington. Medidas regulatórias podem acelerar este processo, diferenciando empresas com bom ou mau desempenho climático. Um projeto de lei na União Europeia deve obrigar os importadores a provar que estão livres de desmatamento e de violações aos direitos humanos por meio de uma coleta obrigatória e detalhada de informações da cadeia de suprimento, incluindo coordenadas geográficas. O alvo da legislação será o setor agrícola, especificamente commodities de alto risco, como carne bovina, madeira e soja. O descumprimento pode levar à proibição das atividades da empresa no bloco europeu. O Reino Unido estabeleceu em novembro de 2021 uma lei semelhante, que torna ilegal para as empresas do país o uso de produtos ligados ao desmatamento considerado ilegal no país de origem. Anfitrião da Conferência do Clima da ONU em 2021, o país tem tentado liderar globalmente o combate à crise do clima. |
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