O risco de uma tempestade solar e de seus efeitos foram tema de diversas reportagens em vários veículos de imprensa pelo mundo que atentaram para o risco de apagões generalizados de energia elétrica e queda de internet pelo mundo todo. Mas, será mesmo que corremos um risco tão grande? O colunista Thiago Gonçalves, de Tilt, afirma que não. E mais. Segundo ele, o problema aqui é a necessidade de reportar resultados científicos através do seu impacto cotidiano imediato. O que rolou? Antes de entrar nessa discussão, é bom mostrar o que os pesquisadores descobriram. Um estudo recente liderado por Chiara Paleari, da Universidade de Lund, na Suécia, mostrou que uma das tempestades mais violentas da história aconteceu há 9200 anos. Surpreendentemente, o evento aconteceu durante um mínimo do ciclo solar. Os cientistas analisaram a quantidade de isótopos de berílio e cloro no gelo da Groenlândia e da Antártida. Essas variantes dos átomos mais comuns são produzidas pela incidência de raios cósmicos, e métodos de datação mostram com precisão o momento em que foram produzidos. Com quatro vezes mais isótopos produzidos nestes anos, a explicação mais provável é uma tempestade solar. No entanto, o fato de que isso tenha acontecido durante um mínimo solar surpreendeu os pesquisadores. As tempestades são causadas por instabilidades no campo magnético e subsequente emissão de plasma solar, e por isso esperaríamos que as piores tempestades acontecessem em períodos de máxima atividade. Por que isso é importante Com a descoberta, veio o alarmismo com notícias que ressaltaram os riscos associados às tempestades, e como a descoberta enfatiza a imprevisibilidade desses eventos. O mesmo ocorre com asteroides que passam "perto" da Terra. O que é explicado apenas depois, no entanto, é que essa proximidade pode ser de dezenas de vezes a distância da Terra à Lua, por exemplo, e não representar qualquer perigo de colisão. Para Gonçalves, como a astronomia pode parecer distante para muitos, a solução é então demonstrar como isso pode nos afetar. O colunista vê um lado positivo em discutir a astronomia na imprensa, mas o problema é ter uma visão generalizada de como a ciência deve ter uma aplicação prática. "O público hoje, muitas vezes, rejeita a ciência básica como sendo inútil, e vê apenas a importância da pesquisa científica quando produz resultados práticos, imediatos", escreveu Gonçalves ao criticar essa visão enviesada da ciência. Para ele, a única solução é comunicar cada vez mais e mostrar à sociedade como estamos sempre descobrindo mais sobre o universo, as estrelas, as galáxias, e compartilhar o fascínio por essa área de estudo, para que não pensem que a astronomia é simplesmente o estudo do que pode vir do espaço para nos exterminar. |
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