Depois da tempestade, alguma calmaria. O mercado financeiro buscou uma recuperação nesta segunda-feira após o mar de sangue que foi a sexta-feira, quando o pânico generalizado com a detecção da Ômicron, nova variante do Sars-Cov-2, derrubou as bolsas mundo afora, o petróleo, o minério de ferro e até o bitcoin.
O movimento de recuperação é natural no mercado após um pânico generalizado, mas o mercado teve uma ajuda extra nessa segunda-feira, vinda diretamente do presidente americano – o que ajudou o S&P 500 a subir razoáveis 1,32%.
Em pronunciamento no começo da tarde, Biden descartou a ideia de novos lockdowns no país durante o fim do ano, apesar da variante. Declarou que o controle da Ômicron no país será feito através de um aumento na testagem e no incentivo à vacinação e ao amplo uso de máscaras. Também descartou a ideia de ampliar a restrição de entrada de estrangeiros no país para além das que já estão em curso, de países do sul da África. (O fechamento de fronteiras, aliás, é criticado pela OMS e por especialistas – afinal, a variante já está presente nos cinco continentes.)
O mercado, que já mostrava altas desde a manhã, respondeu ampliando seus ganhos às máximas. Afinal, o que mais preocupava investidores era a possibilidade de volta às restrições que vimos na era pré-vacina. Por ora, elas não estão sendo consideradas na maior economia do mundo.
Isso também deu um gás ao Ibovespa, que fechou em alta de 0,58%, aos 102.814. O petróleo e o minério de ferro também recuperaram parte das perdas da semana passada. O minério subiu 6,83% esta manhã no porto de Qingdao, China, a US$ 103, dando uma força para as mineradoras/siderúrgicas.
Destaque para a Usiminas, que subiu 6,12% não só na esteira do minério, mas na revisão para cima na recomendação do Itaú BBA, que elevou seu preço alvo para a ação a R$ 20 (isso representaria uma alta de 45% sobre o preço atual).
O Brent fechou em alta de 2,28%, dando um gás para Petrobras (3,51%) e PetroRio (3,72%).
Novas vacinas
A Ômicron assustou por sua quantidade anômala de mutações (são mais de 50, 30 só na proteína spike, a "chave" usada pelo vírus para entrar em nossas células), e também pela velocidade em que se espalhou na África do Sul – ela já é responsável por 90% dos casos da província de Gauteng, onde ficam Joanesburgo, a maior cidade do país, e Pretória, a sede do Poder Executivo.
Um número maior de mutações não significa, necessariamente, que a variante é mais perigosa ou contagiosa; dados epidemiológicos do mundo real são necessários para avaliar essas questões. E, por enquanto, temos poucos números concretos. Relatos preliminares da África do Sul sugerem que a variante possa ser mais transmissível, mas menos letal.
O ponto mais importante – se a variante é resistente à vacinas ou não – também ainda é um mistério. Com base somente nas mutações observadas, especialistas especulam que a Ômicron possa ter algum tipo de escape, mas as vacinas devem continuar oferecendo alta proteção contra casos graves e mortes.
Na mais catastrófica e improvável das hipóteses, caso a variante tenha evoluído para vencer as vacinas, ainda assim não seria o fim do mundo. As farmacêuticas que desenvolvem os principais imunizantes contra a Covid-19 já anunciaram que podem atualizar suas vacinas rapidamente para conter a nova inimiga. A Moderna, por exemplo, disse que uma nova versão estaria pronta no comecinho de 2022 – não à toa, os papéis da farmacêutica dispararam mais de 10% no pregão americano, liderando no ranking do S&P 500.
Precatórios
O dólar, por sua vez, voltou a fechar em alta nesta segunda (0,25%, a R$ 5,60). Motivo: as preocupações fiscais com a economia brasileira seguem, e amanhã o projeto dos precatórios vai à votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. Na quinta, deve ir ao plenário.
Ninguém sabe se o governo terá mesmo apoio para aprovar sua medida, que abre espaço no orçamento para financiar seus projetos populistas em ano eleitoral. Caso não passe, a novela que assombrou o mercado por meses pode recomeçar, para infelicidade da Faria Lima. A ver.
Boa semana!
Maiores altas
Getnet (GETT11): 11,21%
Locaweb (LWSA3): 6,77%
Usiminas (USIM5): 6,12%
Banco Inter - Unit (BIDI11): 4,52%
Ultrapar (UGPA3): 4,03%
Maiores baixas
Cyrela (CYRE3): -3,70%
CVC (CVCB3): -2,68%
B3 (B3SA3): -2,38%
Assaí (ASAI3): -2,32%
EcoRodovias (ECOR3): -2,25%
Ibovespa: 0,58%, aos 102.814 pontos
Em Nova York
S&P 500: 1,32%, aos 4.655 pontos
Nasdaq: 1,88%, aos 15.782 pontos
Dow Jones: 0,68%, aos 35.135 pontos
Dólar: 0,25%, a R$ 5,60
Petróleo
Brent: 2,28%, a US$ 73,22
WTI: 2,64%, a US$ 69,95
Minério de ferro: 6,83%, cotado a US$ 103,27 a tonelada no porto de Qingdao (China)
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