A política da grande maioria de produtores de conteúdo do YouTube de "dê like, inscreva-se e ative o sininho" continua. Mas os dislikes, ou seja, os polegares para baixo que indicam as pessoas que supostamente assistiram ao vídeo e não gostaram do que viram, sumiram. Pelo menos da visão dos usuários. O YouTube decidiu deixar o número de deslizes visível apenas para o criador. Segundo a empresa, "dislikes direcionados" para criadores menores incentivariam pessoas normais a fazerem o mesmo como um efeito manada. Para Ricardo Cavallini, colunista de Tilt, por mais bem-intencionada que a iniciativa possa parecer, ela não é boa. Em primeiro lugar, porque o problema continua. O correto, segundo ele, seria acabar com os robôs que disparam dislikes. Além disso, os dislikes existem por um motivo: eles seriam um indicativo de que determinado conteúdo é ruim. Trata-se de um importante alerta na hora de escolher a qual vídeo você quer assistir. Esconder o número de dislikes não vai ajudar vídeos bons terem mais visualizações, mas vai ajudar os ruins. Isso prejudica os usuários. Esta é também a opinião de Jawed Karim, cofundador da plataforma. Segundo ele, "nada pode ser ótimo se nada é ruim". Segundo o YouTube, a iniciativa visa proteger e deixar o ambiente mais respeitoso para os criadores de conteúdo. Mas se eles estivessem realmente preocupados com a saúde mental dos criadores, a medida seria outra. O principal fator de burnout de criadores de conteúdo não tem relação nenhuma com críticas ou cancelamentos, mas com o fato de o algoritmo obrigar a ter uma frequência de criação exaustiva e sem recesso. Tirar férias do canal significa matar o canal na prática. Se o YouTube realmente estivesse preocupado com a saúde mental dos criadores, mudaria o algoritmo para não penalizar quem diminuir a frequência de postagens ou ficar sem postar por um tempo. O ajuste fino entre lucro e qualidade sempre foi delicado. Natural, lembrando que a plataforma é uma empresa privada e, apesar de tudo, talvez a melhor delas quando falamos de custo-benefício para criadores de conteúdo. Para Cavallini, o que incomoda um pouco é a hipocrisia: botar a conta da mudança nas costas da saúde mental dos criadores.
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