Que tal poder conversar com um parente querido que já morreu? Pois isso já é possível com uma ajudinha da inteligência artificial (IA). As "grieftechs", empresas que estão desenvolvendo tecnologia para o luto, foram abordadas na coluna de Diogo Cortiz, em Tilt, nesta semana. O tema ainda é polêmico. Ainda em vida, o usuário pode contratar o serviço para preservar a sua memória e, posteriormente, compartilhá-la com seus entes queridos por meio de uma interface de chatbot que simula a sua existência. Aí, depois da morte, a pessoa falecida fica sempre à disposição para um bate-papo, como se ela tivesse morrido, mas o WhatsApp dela não. Entre as startups desse novo setor está a HereAfter AI, que desenvolveu um aplicativo que vende para o usuário uma forma de preservar suas memórias e de estar sempre presente para as pessoas queridas. Outra startup é a StoryFile, que oferece um serviço de vídeos interativos. O problema é que, embora alguns serviços ofereçam apenas as respostas exatas dadas pelas pessoas antes de sua morte, outros começam a usar IA para criar um perfil do indivíduo que responde perguntas inéditas a partir da generalização da base de treinamento. Neste acaso, o sistema deixa de ser apenas um gerenciador de recordações e vira um criador de memórias que nunca, de fato, existiram. Existem diversos desafios práticos para as 'grieftechs' em diferentes dimensões: éticas, psicológicas, afetivas, sociais e econômicas. E tudo isso já está gerando um grande debate no senso comum. Enquanto algumas pessoas dizem achar a ideia interessante, outras simplesmente a abominam. Para Diogo Cortiz, ainda precisamos de mais tempo e pesquisa para entender os efeitos cognitivos, psicológicos e efeitos nas pessoas. Hoje, boa parte de pesquisadores na área de ciência cognitiva e psicologia dizem que esse tipo de aplicativo pode confundir a nossa compreensão sobre a morte com a promessa de criação de um ser "imortal". Mas, a maioria entende que, mesmo assim, esse tipo de tecnologia pode ser estudado com mais empenho para que sejam identificadosos momentos em que deve ser utilizado com efetividade em uma intervenção, por exemplo. Gostando ou não, o fato é que a IA está redefinindo limites que antes eram inquestionáveis e está bagunçando as nossas concepções sobre inteligência, criatividade e até a morte. E o negócio só vai ficar ainda mais confuso com o avanço da tecnologia. |
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