Estados Unidos e China estão em uma Guerra Fria? As disputas entre os dois países podem beneficiar o Brasil? Essas são algumas perguntas respondidas pelo pesquisador chinês Ho-fung Hung, da John Hopkins University, autor de livros que analisam a ascensão chinesa no mundo. Hung conversou com o colunista Felipe Zmoginski, de Tilt, durante visita à Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), onde participou de um encontro de pesquisadores sobre China. Para Hung, por mais que a relação entre Estados Unidos e a China tenha se deteriorado e que existam diferenças ideológicas entre os dois países, a ideologia não é o motor do conflito. Justamente por isso, o pesquisador não gosta de tratar a disputa como uma "Guerra Fria". "Objetivamente, o que há é uma concorrência intercapitalista entre duas nações que, muito frequentemente, colaboram entre si, quando isto é conveniente para o desenvolvimento de suas economias", afirmou. Segundo o pesquisador chinês, os boicotes do governo americano têm sido eficientes para retardar a ascensão chinesa, mas acabam por incentivar a China a se desenvolver mais em áreas nas quais ainda não possuem plena capacidade técnica, como a indústria de chips. Além disso, Hung ressalta que muitas empresas chinesas têm divulgado a obtenção de patentes incríveis, mostrando que dominam novas tecnologias. No entanto, boa parte destas patentes é inútil e tem, no fundo, o objetivo de credenciar suas empresas a obter novos investidores. Em relação ao Brasil, o pesquisar acredita que o país pode acabar se beneficiando em certa medida da disputa entre americanos e chineses. "Na medida em que a China deixa de fazer parte de seus negócios com os Estados Unidos, ela passa a buscar novos parceiros. O Brasil, como grande economia e grande mercado que é, pode ocupar parcialmente este espaço. É claro, isto depende da estratégia e da visão dos brasileiros sobre como explorar esta oportunidade", disse. |
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