| "Nós somos aquilo que fazemos repetidamente", disse certa vez o filósofo americano Will Durant.
Eu sempre achei que essa frase era de Aristóteles, mas descobri esses dias que não. Em algum momento da história, alguém trocou ela de autoria e com aquela ajudinha que só a internet consegue dar, hoje a frase está associada ao nome de Aristóteles milhares de vezes mais que ao nome de Durant.
Já dei várias palestras onde usei essa frase com a "foto" do poeta grego ao lado. Um erro que certamente passou desapercebido, seja por mim, seja pelo público. Seria eu um falsificador? Um mentiroso? Alguém que gosta de enganar pessoas? Ou teria apenas cometido um erro?
Erros acontecem. Todo mundo comete. Ninguém é perfeito e blablabla. Aposto com vocês que esse papo de "errar é humano" é bem batido e está internalizado em praticamente todas as pessoas. Mas, se por um lado é clichê falar que errar é humano, será que aceitar o erro é tão natural pra gente assim?
Olho para o lado e a realidade me aponta para uma sociedade que não gosta do erro. Vejo pessoas sendo canceladas, vejo amigos e amigas super inteligentes trucidando pessoas por um único deslize, vejo a risada e a chacota com quem não consegue manter o padrão de perfeição estabelecido pelas pessoas que julgam.
A gente mesmo é assim com a gente. Não gostamos e não perdoamos nossos próprios erros mesmo sabendo que isso não é o nosso normal. A gente até tenta dizer para nossa voz interna: "Calma lá, foi só um erro, isso não me define, não é o comum, respira e vamos em frente". Mesmo assim a falha continua nos rondando, trazendo com ela vergonha e recriminação por uns bons dias.
Se nas minhas palestras e em todos os lugares que eu me comunico eu fizesse da divulgação de informações falsas uma rotina, daí ok, tá liberado me chamar de mentiroso. É pra sentir vergonha, se recriminar e mudar de comportamento. Mas se o meu modus operandi é a honestidade, a verdade, bem, daí errar a autoria de uma frase é um erro, uma exceção. Confiei na fonte errada, essas coisas acontecem.
Quanta paciência temos com nossos erros? E com os erros dos outros? Será que esse erro é o padrão? Sabemos qual o contexto por trás de tal erro? Quanto você sabe sobre o que aconteceu antes dele acontecer?
Um erro não define uma pessoa. Um erro mal define o momento que uma pessoa vive. Erros, na grande maioria das vezes, são exatamente isso, desacertos. Numa vida de vários anos, o que é um desacerto? ou três?
Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Will Durant.
Espero que gostem dos links.
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- Um bom panorama sobre as condições que nos fazem ser mais resilientes.
- Por fim, um texto meu escrito dois anos atrás, que acho que as pessoas novas que me seguem aqui na news não conhecem e podem gostar: 21 outras lições para o século XXI.
"Each time you do something generous, you're shaping yourself into someone who's more likely to be generous next time, and that matters." - Ted Chiang
<3 | 
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