O que ninguém te conta sobre infarto e câncer  | Dr. Naif Thadeu , Cirurgião e Nutrólogo |
Olá, tudo bem? Quero que você me responda com sinceridade: em qual "caixinha" da doença você se enquadra? Você pode ser do time dos hipertensos, dos diabéticos ou até mesmo dos asmáticos. Pode, ainda, ser um sobrevivente do câncer. Eu disse, ali em cima, "caixinha" porque é assim que muitos médicos — e também pacientes — enxergam a saúde e o adoecimento. Como fenômenos isolados, o que é uma barbaridade — e só quem perde com isso, claro, é você. Acontece que as doenças são muito mais próximas do que as pessoas imaginam. Por isso, talvez você se assuste com a revelação que farei agora. A sua doença cardíaca pode te colocar em risco de desenvolvimento de uma outra doença, a mais temida pelos brasileiros. Sim, estou falando do câncer. Mas o que uma coisa tem a ver com a outra? Aí é que está: quando enxergamos o corpo sob uma ótica integrativa, tudo está conectado. E o câncer é um excelente exemplo disso. A médica Emily Lau, cardiologista do Massachusetts General Hospital, em Boston, conduziu um estudo observacional com dados de 12.712 participantes do Framingham Heart Study, um outro estudo que acompanha, desde 1948, dados sobre a saúde cardiovascular dos habitantes de Framingham, em Massachusetts. O estudo de Lau evidenciou algumas coisas importantes. Em primeiro lugar: Sobreviventes de ataque cardíaco podem ter um risco aumentado de desenvolver câncer, em comparação com pessoas sem doença cardiovascular. Pense que, só em abril deste ano, mais de 30 mil brasileiros perderam a vida por alguma doença cardiovascular, de acordo com a expectativa da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Agora, imagine sobreviver a um infarto ou acidente vascular cerebral (o popular AVC) e entrar para as estatísticas do câncer. O problema é que ninguém te fala sobre isso. Mas não para por aí: outra descoberta do estudo foi de que pessoas que desenvolveram doenças cardiovasculares (ataque cardíaco, insuficiência cardíaca ou fibrilação atrial) durante o período do Framingham Heart Study tiveram um risco sete vezes maior de câncer subsequente em comparação com quem não teve nenhum evento cardíaco. Ou seja: não precisa sobreviver a um infarto para correr o risco de ter câncer. As duas coisas caminham juntas. Só o fato de ter um marcador de risco cardiovascular circulando livremente na corrente sanguínea, que é o caso do peptídeo natriurético tipo-B, já é perigoso. O peptídeo natriurético tipo-B (PNB) era comumente associado ao risco de insuficiência cardíaca. Tanto que os médicos usavam esse marcador para determinar se um paciente corria risco de desenvolver esse problema no coração depois de fazer quimioterapia (é um efeito colateral conhecido). Mas agora os pesquisadores sabem que o PNB em altas concentrações não aponta só para risco cardíaco, mas também para o câncer. Eu sei, parece que estou falando um outro idioma, mas na realidade é muito simples. | | ANÚNCIO
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Sabe esse marcador, o PNB? Um possível gatilho para a liberação dos peptídeos natriuréticos (o PNB e outros subtipos) é justamente a inflamação crônica silenciosa. Inflamação crônica, que considero ser a mãe de todas as doenças. Por isso, a vida não se resume ao diagnóstico X ou Y. E a dependência de medicamentos, cada um para um sintoma diferente, certamente não é a melhor saída em longo prazo. Claro, não estamos falando aqui que os medicamentos não têm serventia alguma. Mas é preciso ir além, lembrar do corpo enquanto um sistema em que tudo, absolutamente tudo, está conectado. E sabendo que a inflamação excessiva está por trás do adoecimento, seja ele do coração ou das nossas células, por que não apostar em medidas naturais que visam melhorar esse desequilíbrio? Talvez você ainda não saiba, mas eu tenho um projeto aqui na Jolivi justamente para falar sobre câncer, desde a prevenção até o seu tratamento. E uma das substâncias que não pode faltar no meu protocolo é um potente anti-inflamatório natural. Estou falando do açafrão-da-terra, ou a cúrcuma, que é muito mais do que um tempero de cor e sabor intensos. Nela existe uma substância chamada curcumina, que atua como um poderoso antioxidante e anti-inflamatório e que já foi associada ao tratamento de diversos cânceres, como o de boca. Um grupo de pacientes com câncer de pâncreas em estado avançado foi submetido a um tratamento com 400 mg de curcumina/dia para complementar as técnicas médicas. Os tumores diminuíram notavelmente, sem que houvesse sinais de toxicidade derivados do consumo da especiaria. Mas, Dr., como eu devo consumir a cúrcuma? Claro que você pode usar essa especiaria no preparo de pratos culinários e até em bebidas, mas sua ação é muito mais eficaz na forma de suplementação. Opte sempre pelas cápsulas de farmácias de manipulação que vão oferecer extrato seco padronizado de açafrão. Aliás, vale lembrar que o consumo de cúrcuma combinado com a piperina (pimenta preta) potencializa os efeitos protetores do ingrediente. Essa relação foi evidenciada por um estudo da St. John's Medical College, que afirma que a piperina aumenta a absorção da cúrcuma e aumenta sua ação em até 2000%. Converse com o médico que te acompanha para uma suplementação individualizada. E lembre-se: você pode fazer a sua parte, a começar pelo controle da inflamação. Espero que a conversa de hoje te ajude nesse sentido. Um abraço,  | | ANÚNCIO
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Referências: - Heart Disease & Cancer Risk May Be Linked, Oncology Times: December 5, 2019 - Volume 41 - Issue 23 - p 25-27
- Circ Heart Fail . 2020 Jul;13(7):e006570.
- Nutrients. 2016 Jul; 8(7): 433.
- Planta Med . 1998 May;64(4):353-6
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