Dois pacientes com covid-19 são transferidos para fazer exames e não voltam mais. Um outro homem, que estava internado na mesma sala, entra em desespero: "Eu vou morrer!", repete aos gritos, enquanto é consolado por uma enfermeira, que apenas segura a sua mão. Assim é o dia em hospital de covid-19. Em outro dia de luta entre a vida e a morte em meio a uma pandemia que já matou mais de 300 mil pessoas no país, uma médica se recusa a retirar um paciente morto em cima do vaso sanitário porque não estava paramentada. Ao presenciar a cena, um segurança tenta fugir do local, mas desmaia no corredor. "Não posso tocar nele, porque a minha esposa está grávida", justificou. Histórias como essas fazem parte da rotina do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, unidade de referência contra a covid-19 no Rio de Janeiro. Servidores ouvidos relataram ao UOL risco de contágio, falta de médicos em CTIs e remanejamento de profissionais sem experiência para atuar em unidades de tratamento intensivo. "Já intubei paciente no corredor", disse uma enfermeira, que se queixa da desativação da sala de estabilização no 5º andar por causa de um problema no teto. Não tem nem um biombo para tampar. Os pacientes ficam apavorados, porque presenciam uma pessoa agonizando ao lado deles e pensam: 'Eu posso ser o próximo' Vídeos, áudios, fotos e relatos desses profissionais obtidos pelo UOL foram encaminhados a infectologistas, que viram risco de propagação do novo coronavírus. Até ontem (24), a taxa de ocupação da rede municipal na capital era de 92% dos leitos para covid —com uma fila de 137 pessoas aguardando vaga, segundo o Painel Rio Covid-19, da Prefeitura do Rio. Ao todo, são 1.310 pacientes internados —664 deles em UTIs.
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