Aos sobreviventes da última semana — que deveria ser de conscientização, mas acabou sendo de revolta e protestos por todo o país —, o TAB dedica a discussão sobre leis que criminalizaram vidas negras no país desde o fim da escravidão. É também a voz de uma mulher negra o destaque da semana: em conversa com o jornalista Henrique Santiago, a cineasta Adelia Sampaio conta como é a jornada de fazer arte e denúncia em uma realidade como a nossa. Também rodamos por aí: na última semana, mostramos a história de terror da moradora de um castelinho famoso em Porto Alegre, visitamos um show-culto com mais de 1.800 pessoas em São Paulo, acompanhamos um violinista de enterros em Florianópolis, descobrimos que o idioma que falamos pode não ser considerado português em Portugal e contamos a saga de uma periquita que não podia — mas agora pode — voar. Boa semana e boa sorte a todos. No cinema se faz denúncia Aos 75 anos, a cineasta mineira Adelia Sampaio conta como ainda é desafiador fazer cinema e ser mulher negra no Brasil. Há mais de 30 anos, ela tenta realizar seu segundo filme de ficção, com base nas lembranças de cartas enviadas a presos políticos durante a ditadura militar. Autora de "Amor Maldito", de 1984 -- reconhecido hoje como o primeiro longa-metragem dirigido por uma mulher negra no país --, Adelia ainda lida com a falta dinheiro para tirar o projeto do papel e conta ao TAB que nada ficou mais simples do que era nas últimas décadas. Por falar em denúncia... Você já ouviu falar de uma lei contra feiticeiros? E da lei contra charlatanismo e curandeirismo? A Lei do "pito do pango" e a Lei da Vadiagem também são algumas das muitas expressões do racismo na legislação brasileira, ao longo dos séculos. Religião, cultura e terras foram direitos básicos negados à população negra do país desde tempos imemoriais. O jornalista João Vieira explica, nesta edição especial, como o Brasil usou -- e usa -- leis para criminalizar a vida da população negra, desde o fim da escravidão. Drive-in é coisa do passado-futuro Após três meses servindo como hospital de campanha, já em julho, as enfermarias com respiradores do estádio do Pacaembu foram trocadas por vagas de carros para assistir a shows e filmes nos moldes drive-in. Já em Alphaville, bairro nobre da Grande São Paulo, o Jurassic Safari Experience é uma alternativa de diversão para crianças e pais confinados. A reportagem do TAB foi conferir o show com 50 bonecões de dinossauros correndo em volta dos veículos e concluiu: o mundo contemporâneo parece mais assustador que o de 150 milhões de anos atrás. Arte no enterro Tocar violino em funerais tem sido a principal fonte de renda do violinista Israel Dutra (32) durante a pandemia. Ele começou a tocar aos 9 anos de idade, na Assembleia de Deus -- igreja frequentada por sua família -- e, de lá para cá, trabalhou em cameratas, na Orquestra Barroca de Mato Grosso do Sul e fez até uma pequena turnê pela Bolívia. Com a suspensão brusca dos eventos culturais, encontrou sustento nos velórios. TAB acompanhou um dia de trabalho de Israel em Florianópolis. Português do Brasil é português? Trabalhar na pandemia também tem sido um desafio para a fonoaudióloga brasileira Thaís Cruz, que vive em Cascais, município do distrito de Lisboa, em Portugal. Por lá, seu português não é suficientemente português, segundo o órgão responsável por regular a profissão no país. Depois de passar por uma entrevista e escrever uma redação, Thaís recebeu um documento dizendo que ela não domina a semântica (sentido das palavras), a morfossintaxe (construção das frases), a fonética e a fonologia (os sons) do português europeu. E ela não está sozinha: segundo a apuração da jornalista Luciana Alvarez para o TAB, ao menos 40 profissionais da área estão passando pela mesma dificuldade. Leia aqui. Castelo de horrores Em pleno centro de Porto Alegre, há um castelinho que desperta a curiosidade dos turistas e passantes. Muitos tiram fotos, os moradores mais antigos da região suspeitam da história real da edificação, mas só o TAB foi ouvir a primeira moradora da fortaleza, Nilza Linck, de 98 anos, para quem o castelo foi erguido -- e quem foi também prisioneira dos ciúmes do parceiro na própria casa. Conheça toda a história, contada pelo jornalista Luciano Nagel, direto do Rio Grande do Sul. Periquita famosa Depois de receber um elaborado, caro e trabalhoso transplante de penas, a periquita australiana Wei Wei pôde voltar a voar e se tornou uma celebridade mundial. Vítima de maus-tratos quando era pequena, Wei Wei levava uma vida bem mais ou menos até que o procedimento cirúrgico (e, por que não dizer, um pouco artístico) mudou sua trajetória. As fotos da operação viralizaram nas redes sociais e, agora, o mundo se interessa pela periquita. Quem conta essa história em detalhes é Mônica Manir. Minalba benta O repórter Paulo Sampaio foi conferir o culto do radialista e evangelizador motivacional Fábio Teruel, que reuniu 1.800 pessoas no palco do CTN (Centro de Tradições Nordestinas), no Bairro do Limão, zona norte de São Paulo. Com direito a muita música, venda de kits "Maria Vai na Frente" (R$ 195, ou 6 vezes de 32,50, no cartão de crédito) e chuva de água benta engarrafada. Ele também conversou com a esposa de Fábio, Ely Teruel, vereadora eleita pelo Podemos. Ao final do evento, o casal deu um perdido na reportagem do TAB. Entenda aqui essa história.
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