Enquanto estoca testes para detecção de covid-19, o Ministério da Saúde adquiriu e já distribuiu todos os 5,8 milhões de comprimidos de cloroquina disponível aos estados e prefeituras. Apesar disso, o medicamento, usado para tratamento de malária, não tem comprovação científica de eficácia no combate ao coronavírus, e estados e prefeituras já buscam meio de devolução ao governo. O UOL consultou as Secretarias de Saúde de 15 estados e, neles, os estoques de cloroquina somam 280 mil comprimidos. O Exército possui outros 400 mil no estoque. São Paulo, Maranhão e Pernambuco já devolveram ou tentam mandar de volta 814 mil comprimidos por falta de uso ou de eficácia. Rio de Janeiro também já antevê uma devolução. A cloroquina do governo foi produzida por laboratórios da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), ao custo de R$ 207 mil por 3 milhões de comprimidos, e das Forças Armadas, com gastos de R$ 1,5 milhão até o mês de junho. O Ministério afirmou que a cloroquina foi distribuída por causa dos pedidos feitos por prefeituras e governos estaduais, diferente do que houve com os testes encalhados: 6,8 milhões de exames do tipo RT-PCR estão num armazém do governo em Guarulhos (SP) porque, segundo a pasta, "não houve pedidos de prefeituras e estados". Os produtos vencem em dezembro e janeiro. Situação no Rio e em SP Com o aumento no número de casos e mortes por covid na cidade do Rio de Janeiro, hospitais particulares já estão com 97% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados a pacientes com coronavírus ocupados na capital. No estado, a ocupação da rede privada é de 75%. Os leitos, atualmente, recebem pacientes que necessitam de outros tipos de tratamentos, e não somente para covid-19. O aumento da demanda também é percebido nos hospitais públicos do Rio. Levantamento do UOL mostrou que o número de internações, de solicitação de leitos e da fila de espera por vagas na rede pública atingiram o maior patamar desde junho. A taxa de ocupação de leitos de UTI para covid na rede SUS —que inclui leitos de unidades municipais, estaduais e federais— é de 90% na capital. Já na cidade de São Paulo, a Secretaria Municipal de Saúde afirma que unidades públicas também já sofrem o efeito do repique de casos de covid-19: o Hospital da Bela Vista (região central) tem ocupação de 78% nos leitos de UTI; o Hospital Dr. José Soares Hungria (zona norte), 63%; e o Tide Setúbal (zona leste), 60%. Em seu boletim diário, a Secretaria Municipal informou que 48% das vagas nas UTIs municipais da cidade estavam ocupadas na quinta-feira (26). Em toda a Grande São Paulo, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, esse percentual é de 57,2%.
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