O ESSENCIAL: Atos nas ruas ampliam oposição a Bolsonaro
E mais: mortes por Covid-19, espera por cirurgias, racismo estrutural
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RIO, 8 de Junho de 2020
POR Gabriel Cariello
Jornalista
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As faixas que pediam intervenção militar, exibidas em uma sequência de domingos anteriores, ontem deram lugar às bandeiras da defesa da democracia e da igualdade racial. Vinte estados brasileiros registraram protestos contra o governo de Jair Bolsonaro. Rio de Janeiro e São Paulo concentraram os atos — na capital paulista, houve confusão na dispersão dos protestos, enquanto no Rio 45 manifestantes foram detidos. Nas duas cidades e em Brasília houve também mobilizações pró-governo, mas em menor número.
Em destaque: tema de manifestações globais nos últimos dias, a luta antirracista predominou nas ruas, conjugada à pauta democrática. Em várias cidades, os atos foram organizados por torcidas de clubes de futebol, sem a liderança de partidos políticos.
Em paralelo: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os ex-ministros Ciro Gomes e Marina Silva pregaram a união em defesa da democracia, durante entrevista conjunta na GloboNews. Eles debateram a pandemia, a crise econômica e as ameaças autoritárias. Fernando Henrique interpretou a presença de muitas bandeiras nas ruas como uma só: “Democracia com inclusão social”.
O número de óbitos domiciliares subiu 13% no estado de São Paulo e 36% no Rio entre março e junho deste ano, comparado ao mesmo período em 2019. Pesquisadores alertam que a estatística pode sugerir subnotificação de mortes por Covid-19 e cobram a qualificação dos dados, que ajudaria a aprimorar planos de reabertura.
Novos balanços: o Brasil chegou a 36.455 mortes ligadas ao coronavírus e 685.427 infectados. Depois de tirar dados do ar, o Ministério da Saúde divulgou ontem dois boletins com números conflitantes.
As restrições coletivas e a prioridade de atendimentos para infectados pelo coronavírus podem ter afetado 70% das cirurgias da rede pública de saúde do Rio. O Colégio Brasileiro de Cirurgiões projeta que 10,7 mil intervenções eletivas deixaram de serem realizadas em abril e maio. No país, a queda é de mais de cem mil. E pelo menos 50 mil brasileiros deixaram de receber o diagnóstico de câncer.
Em detalhes: só o município do Rio tem 51.186 pacientes à espera por cirurgias eletivas e procedimentos diagnósticos invasivos. São casos de retirada das amígdalas, reconstrução do crânio, amputações e colonoscopias. A cuidadora de idosos Laurita Arbelino (foto) peregrina por hospitais para retirar miomas e fazer biópsia em tumor no ovário.
A Controladoria-Geral da União restringiu o acesso a pareceres produzidos pelos ministérios que orientam a Presidência da República na sanção ou veto de projetos aprovados no Congresso. O novo entendimento oculta a posição de técnicos. Não é a primeira vez que o governo restringe a aplicação da Lei de Acesso à Informação.
Entenda: a decisão serviu para barrar acesso à sugestão de vetos encaminhados ao presidente Jair Bolsonaro sobre o projeto de abuso de autoridade, no fim de 2019.
“O governador do Rio, Wilson Witzel, começa o mês de junho de maneira muito semelhante a seu arqui-inimigo, o presidente Jair Bolsonaro. O presidente fez trocas no Ministério da Saúde no auge da pandemia? Witzel fez o mesmo na Secretaria de Saúde do Rio. O comando da Polícia Federal foi trocado após a saída do ex-ministro Sergio Moro? O governador do Rio também perdeu seu chefe de polícia no meio da crise. Restou a ambos negociar com o Centrão fluminense e o de Brasília para se manterem vivos. Há, contudo, clara vantagem de Bolsonaro para sobreviver nos próximos meses”
O que mais importa
Medindo forças: alvo de 12 pedidos de impeachment, Witzel tem apenas cinco deputados em sua base na Alerj e tenta conquistar aliados.
Leilão em 2020: o governo do Rio e o BNDES lançam hoje o edital para a concessão da Cedae por 35 anos, avaliada em R$ 33,5 bilhões.
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