A taxa básica de juros (Selic) em níveis historicamente baixos deve continuar fazendo com que o investidor migre da renda fixa para a renda variável em busca de maiores rendimentos. Entre as opções estão os fundos imobiliários (FII), que oferecem mais liquidez do que investir diretamente em um imóvel e pagam dividendos mensais. Há dezenas de fundos listados na Bolsa. Eles são menos voláteis que as ações, mas é preciso tomar alguns cuidados para não entrar em uma aplicação de renda variável apenas para perder dinheiro. Neste ano, por exemplo, dos 20 fundos imobiliários com melhor desempenho, só quatro tiveram valorização até o início de junho, segundo o comparador de investimentos Yubb. Veja o que analisar antes de comprar cotas de um fundo imobiliário. Perfil do investidorA newsletter da semana passada mostrou como é importante saber seu perfil de investidor. Você pode fazer o teste aqui —ele vai dizer se seu perfil de risco é compatível com os riscos do fundo imobiliário. "Os fundos têm suas cotas negociadas em Bolsa e estão sujeitos a oscilações. No passado, dados os dividendos pagos regularmente, eles eram vendidos como se fossem próximos à renda fixa. Na verdade, não são", disse Rodrigo Moliterno, sócio da Veedha Investimentos. "Há uma volatilidade grande e, em alguns casos, a liquidez deles é bem mais baixa que a uma ação. O investidor precisa observar se ele está disposto a isso", afirmou. TiposO fundo pode ser de: - Tijolo: investe em ativos de construção
- Papel: investe em aplicações ligadas ao setor imobiliário, como CRI e LCI
- Fundos: investe em cotas de outros fundos
"É um dado importante [a ser observado], já que diversificar os investimentos faz parte e há diferenças relevantes em cada tipo de fundos", disse Arthur Vieira de Moraes, especialista em fundos imobiliários. SetoresHá fundos de tijolo, por exemplo, que apostam em shoppings, outros em centros logísticos, prédios comerciais, escritórios e escolas, por exemplo. Cada fundo tem características diferentes, e o investidor precisa conhecê-las. O investidor também deve optar por fundos que não sejam monoativos, ou seja, que não possuam apenas um prédio ou dependam de apenas uma fonte de renda. PreçoO fundo está caro ou barato? Para saber, compare o valor da cota com o valor patrimonial do fundo. "Não pode haver uma discrepância muito grande [entre o valor do ativo e o quanto ele vale na Bolsa]. Um fundo que tem um prédio não pode estar listado na Bolsa valendo três vezes o prédio. Quanto mais distante a cota estiver do valor patrimonial, maior pode ser a queda", disse Moliterno. TaxasAs mais importantes são as de administração e a de performance, que remunera o gestor do fundo a partir de um resultado. Elas podem corroer os rendimentos líquidos do investimento. "Todo fundo tem taxa, principalmente a de performance. Tem muito fundo em que a taxa de performance é CDI, o que, hoje, é descalibrado. Não faria sentido alguém ser remunerado por te entregar mais que o CDI. No passado fazia sentido, hoje não", afirmou Moraes. O investidor também pode buscar entender qual empresa gere o fundo, se ela é confiável e quem são os gestores de cada fundo. Rendimento do dividendoO rendimento do dividendo (conhecido como dividendo yield) representa o montante pago mensalmente aos donos de cotas dos fundos imobiliários. É parecido com o aluguel recebido por quem aluga imóveis. É importante, porém, que o investidor não observe apenas o quanto cada fundo pagou de dividendo nos últimos meses. "O que interessa é o futuro. Se eu gostei do patrimônio, o que eu tenho que olhar em relação ao rendimento [do dividendo] é a sua tendência futura", afirmou Moraes. "Mesmo assim, não deixa de ser interessante ver o histórico de pagamentos do fundo apenas como uma referência", disse ele. Pergunta da semanaO leitor Lucidio Nunes pergunta: " Como funciona o investimento em fundo multimercado de ouro?" Fundos multimercados podem comprar e vender ativos em diversos mercados: renda fixa, ações, dólar, opções, ouro e até mesmo criptomoedas [como o bitcoin]. Apesar dessa possibilidade, ouro não é um ativo tão comum nessa classe de fundos, e é recomendável verificar com o gestor se o fundo tem ouro em sua carteira. Em todo caso, o caminho mais simples para você ter ouro é investir em fundo de ouro (preferencialmente ouro em dólar) ou comprar contratos de ouro negociados na B3. Assim terá certeza de que a proporção de ouro está adequada para a sua necessidade e para o seu perfil de investidor. A resposta é de José Raymundo de Faria Júnior, planejador financeiro certificado pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros). Leia também: Como investir em ouro? Ainda vale a pena? Queremos ouvir vocêTem alguma dúvida ou sugestão sobre investimentos? Mande um email para uoleconomiafinancas@uol.com.br |
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