Lembro bem da minha crise dos 30. Olhava para artigos e via Zuckerbergs virando milionários com ideias simples. Olhava para qualquer feed e via pessoas viajando o mundo e vivendo a vida que eu queria viver. Olhava para o passado e lembrava tudo que meu pai e minha mãe haviam conquistado com a minha idade. Estar com 30 anos empreendendo uma ideia maluca, sem salário e projeção de futuro não ajudava quando o cenário ao meu redor era esse citado acima, e a crise achou espaço para crescer. Não que eu me cobrasse para ser um CEO startupeiro ganhando bilhões antes dos 30, e nem em ter 3 filhos e uma família já constituída nessa pouca idade. Mas a expectativa no ar era essa não importa para onde eu olhasse. A crise vinha da comparação. E mesmo eu estando feliz com o caminho que estava trilhando, era muito difícil descolar do contexto à minha volta e não me comparar com tudo e com todos. Do amigo da comunicação que estava enfrentando o mesmo mercado que eu, da pessoa mais jovem de outro país, de pessoas que trabalhavam em profissões totalmente diferentes das minhas, todo mundo parecia estar bem resolvida (ou pelo menos no caminho certo), enquanto eu me sentia apenas um guri. Passado os 30, passou também a vontade de se comparar com o resto. Não sei se isso é algo natural para todo mundo ou se aconteceu só comigo, só sei que com 30 e poucos eu já estava “cagando” para as outras pessoas e focando mais em mim e na minha trajetória de vida. Passei a entender que meu caminho era único e qualquer comparação seria uma grande perda de tempo. Depois de muitos questionamentos, dúvidas, mudanças de carreira e momentos de Síndrome do Impostor, a crise passou e os 30 vieram suaves. Foda-se a grama dos vizinhos. Meu foco era meu próprio jardim. Corta para hoje. Dois dias antes de fazer 38 anos me vejo no início do que será a próxima crise. Só que agora é uma parada diferente. Não é culpa do resto: do contexto, dos coaches, da Forbes Under 40’s (nem sei se existe) e dos Instagrams inspiracionais que existem por todo canto. É uma responsabilidade que parece ser minha mesmo. Assim que passei dos 30 e percebi que não, o normal não era ter 30 anos e ser resolvido na vida, comecei a aceitar que a maturidade profissional e pessoal vinha mais tarde (hoje é óbvio, mas com 30 eu achava já estar no meu auge kkkkk). Então, se o momento-de-glória/nirvana/riqueza-infinita não vinha com 30, joguei minhas fantasias para os 40. Cravei ele como um marco. “Bah, com 40 eu vou ter feito isso, aquilo e aquilo outro. Vou estar lá.” Porém, estou recém com 38 e já sei que os meus sonhos não se concretizarão no tempo imaginado. Não existe na minha rotina o tempo livre e a disposição de quando criei esses sonhos. Tampouco o conhecimento necessário. Eu ainda amo e admiro cada meta que criei para mim, mas em dois anos elas dificilmente sairão do papel, e foi quando enxerguei isso que começou a crise. Essa visão, obviamente, é uma visão míope. Ela olha só para o objetivo e o resultado, e não para a trajetória. Nessa década eu precisei fazer outras coisas que não estavam nos planos do Braga de 30 anos. Tive que enfrentar uma quimioterapia e uma pandemia, só para citar duas coisinhas bem leves e desimportantes. Entretanto, não adianta apenas escrever que é uma visão míope. A crise já se instalou. É uma conversa que está aqui dentro do cérebro, e mesmo escrevendo essa news — que antes de tudo é uma news para a voz da minha consciência —, sei que ela vai continuar pelos próximos anos. Mudar esse discurso interno é um trabalho de longo prazo, já que foram anos depositando esperanças e esperanças nesses objetivos. O que posso fazer agora é reforçar a mensagem de que não deu com 40, mas talvez dê com 45, 50, 78. Vai saber. Quero continuar com o meu sistema (que é usar meu tempo livre de forma saudável e criar as coisas que quero criar ao seu próprio tempo respeitando os ciclos da vida) e acreditar que ele me levará até esses sonhos. Quais são esses sonhos que tanto falo? Conto para vocês mais pra frente, quando tirar cada um do papel. Talvez vocês tenham que esperar um pouco, mas se teve uma coisa que aprendi com os 30 foi a não ter tanta pressa. Que nos próximos anos eu consiga botar em prática esse ensinamento 😂 Espero que gostem dos links:
Oie. Meu nome é Luciano Braga. Sou realizador de diversos projetos criativos nas áreas da comunicação, comédia, ficção e impacto social. Boto minha energia em iniciativas que desafiam minha criatividade, que empoderam pessoas e que deixam um legado positivo no mundo. Quer me conhecer? Vem no meu Instagram. |
sexta-feira, 31 de março de 2023
Links do mês #084 e a crise que vem forte
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