sábado, 27 de fevereiro de 2021

[POLÊMICA] Uma taça de vinho 🍷 contra o coronavírus?

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Sua Saúde Natural
 
 

1 substância presente do vinho ajuda a inibir Covid-19; saiba o que dizem os estudos

Dr. Rondó , Médico Nutrólogo

 

Olá, aqui é o Dr. Rondó

 

Não é de hoje que venho pesquisando intensamente tudo que pode ajudar a melhorar a condição de saúde das pessoas, especialmente em termos preventivos de doenças, através da nutrologia.

 

E por isso também o meu interesse de longa data por estudar as propriedades do vinho tinto e seus efeitos benéficos à saúde, quando consumido de forma moderada.

 

Com a Covid-19, a comunidade científica tem se empenhado muito em investigar possíveis soluções ou auxílios que possam contribuir na resolução desse problema.

 

E o vinho tinto tem despertado também esse interesse, especialmente pelo poder dos flavonoides na inibição da Covid-19.

 

Recentemente, foi realizada uma pesquisa na Universidade de Taiwan para saber se o vinho tinto, através de alguns de seus componentes, poderia ter efeito na inibição da atividade de duas enzimas que permitem a replicação do coronavírus.

 

O objetivo, no caso, era investigar se há algum componente natural que poderia ter efeito sobre o vírus, mas este estudo vai requerer uma segunda etapa e ainda não há conclusão definitiva. 

 

Na verdade, essa investigação já vem sendo feita há quase 20 anos, realizada por dois pesquisadores canadenses, Michel Chrétien e Majambu Mbikay, após a epidemia de SARS que atingiu 26 países em 2003.

 

Agora, o foco desses pesquisadores é aprofundar os estudos em relação à Covid-19, tendo inclusive recebido um convite oficial para iniciar os ensaios clínicos na cidade de Wuhan, China, no final de dezembro de 2019.    

 

Os alimentos ricos em polifenóis são bons para a saúde em qualquer circunstância, mas agora pesquisas sérias estão analisando o papel dos polifenóis no combate ao coronavírus.

 

O vinho tem vários componentes com efeito positivo direto e indireto na parte imunológica e até especificamente contra o Covid-19.

 

Existem somente três componentes naturais que agem contra o Covid-19 e, no caso do vinho, o que chama atenção é a presença de quercetina, um flavonoide poderoso, antioxidante, anti-inflamatório com altíssima capacidade antiviral e estimulante imunológico.

 

Além de ser encontrada no vinho, está presente em uma variedade de alimentos, como maçãs, vegetais verde-escuros, alcaparras, cebolas, chá, tomates, entre outros.

 

Também está em fitoterápicos como Ginkgo biloba, Erva de São João ( Hypericum perforatum) e sabugueiro (Sambucus canadensis).

 

Só há um único produto natural que é considerado mais eficiente, que é a luteolina, um polifenol encontrado no radicchio, na pimenta malagueta verde, aipo e chicória, para citar alguns exemplos.

 

A quercetina já foi aprovada pelo Food and Drug Administration (FDA) dos EUA como segura para consumo humano, e com isso os pesquisadores podem pular os testes em animais.

 

E se realmente funcionar, poderá ser um recurso eficiente, seguro e acessível, mas na forma isolada como suplemento, e não o vinho em si.

 

Princípio básico de ação da quercetina

 

Os poderosos efeitos antivirais da quercetina são atribuídos a três mecanismos de ação, porque eles:

  • Inibem a capacidade do vírus de infectar células;
  • Inibem a replicação de células já infectadas; e
  • Reduzem a resistência das células infectadas ao tratamento com medicamentos antivirais.

Agora veja os benefícios da quercetina na imunidade:

 

– Age como carreador de zinco, ou seja, leva esse mineral para dentro da célula, onde auxilia na neutralização da replicação de vírus como o SARS Cov-2.  

 

– Um poderoso estimulador imunológico e antiviral de amplo espectro.

 

– Auxilia na inibição da produção do fator de necrose tumoral α (TNF-α), uma citocina envolvida na inflamação sistêmica, induzida por lipopolissacarídeo (LPS) em macrófagos.    

 

– Auxilia na inibição da liberação de citocinas pró-inflamatórias e histamina por meio da modulação do influxo de cálcio na célula.    

  

– Auxilia no bloqueio da histamina e serotonina e da liberação de mastócitos intestinais.

 

– Auxilia na regulação dos mastócitos em sua função básica nas células imunológicas. 

 

– Ajuda a modular a resposta descontrolada pró-inflamatória que ocorre durante uma tempestade de citocinas causada pelo inflamassoma NLRP3.  

 

– Auxilia na inibição da protease principal do SARS-CoV-2.   

 

– Auxilia na regulação da capacidade de uma célula de gerar interferon tipo 1 quando atacada por um vírus.

 

– Auxilia no aumento da resposta do interferon a vírus, como o Covid-19.

 

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Resumo de estudos publicados que confirmam sua ação antiviral (em ordem cronológica)

 

Journal Medical Virology, em 1985, mostra que a quercetina inibe a infectividade e a replicação do vírus herpes simplex tipo 1, vírus da poliomielite tipo 1, vírus da parainfluenza tipo 3 e vírus sincicial respiratório. 

 

Experimental Lung Research, de 2004, em animais , mostra o efeito da quercetina sobre a gripe do vírus H3N2, promovendo aumento significativos nas concentrações pulmonares de catalase, glutationa reduzida e superóxido dismutase, inibindo com isso o processo oxidativo. 

 

Journal of Infectious Diseases & Preventive Medicine , de 2014, mostra a quercetina como um possível tratamento promissor para o resfriado comum. Além disso, reduz internalização, replicação viral in vitro, a carga viral, a inflamação pulmonar e o dano oxidativo. 

 

Asian Pacific Journal of Tropical Medicine , de 2016, em estudo animal mostra que a quercetina inibiu o vírus da hepatite em camundongos e o vírus da dengue.

 

Journal of Agricultural and Food Chemistry, de 2016, mostra que a quercetina oferece proteção contra a replicação viral da influenza A H1N1 ao modular a expressão proteica através da regulação das proteínas de choque térmico, fibronectina 1 e proibitina.  

 

Viruses , de 2016, comprova que a quercetina inibiu uma ampla variedade de cepas de influenza, incluindo H1N1, H3N2 e H5N1. Segundo os autores, "Este estudo indica que a quercetina com atividade inibitória no estágio inicial da infecção por influenza fornece uma opção terapêutica futura para desenvolver produtos naturais eficazes, seguros e acessíveis para o tratamento e profilaxia de infecções [pelo vírus da influenza A]."

 

Além da quercetina, há outros componentes do vinho que também podem somar nesse benefício: ação imunológica, bactericida e antiviral.

 

São eles:

 

– Resveratrol

 

É uma verdadeira usina de benefícios de saúde. Está bem estabelecido pela ciência que o resveratrol tem propriedades antioxidantes, anti-inflamatória, cardioprotetora, antienvelhecimento e anticancerígena.

 

Em 2020, o National Institutes of Health PubMed listou 621 artigos mostrando seus benefícios.

 

Especificamente, no caso, promove:

  • melhora do sistema imunológico ativando NKs (natural killer) e suprimindo a expressão de genes inflamatórios.

  • inibição de infecção e supressão da replicação do RNA de coronavírus (MERS-COV), além de aumentar a resistência da célula.

  • antiagregação plaquetária, reduzindo risco de coágulo e trombose, presente em estágios avançados de Covid-19.

  • reparação do dano oxidativo no DNA das células.   

  • inibição da replicação do vírus A da influenza em animais, sugerindo que pode ser valioso como uma medicação anti-influenza.

  • no intestino, os polifenóis também podem ajudar a apoiar bactérias intestinais benéficas (seu "microbioma"), inibindo espécies invasoras ou patogênicas. Isso é importante porque a saúde intestinal, ou a falta dela, também pode aumentar a vulnerabilidade a vírus como o coronavírus. Além disso, os estudos são claros mostrando que essa ação reduz o risco de infecção do trato respiratório superior em crianças e infecções respiratórias agudas em adultos.    

E o resveratrol no vinho, por estar em meio alcoólico, tem a maior absorção possível, ao contrário dos outros alimentos e mesmo de suplementos nutricionais.

 

– Antocianidinas

 

É uma classe dos flavonoides que agem protegendo o seu corpo contra degeneração celular. Trata-se de um pigmento roxo encontrado na casca da uva, que influencia a sua imunidade e combate os vírus da seguinte forma:

  • ação anti-inflamatória, antioxidante, antimicrobiana e antiviral.

  • inibe a formação de coágulos sanguíneos.

  • aumenta a produção de óxido nítrico.

  • gera um subproduto, o ácido ferúlico, que tem grande impacto na destruição viral.

  • previne e controla resistência à insulina e diabetes, fatores que predispõem ao Covid-19.

– Rutina

 

É um bioflavonóide potencializador da ação da vitamina C, evitando a sua oxidação e prolongando o seu efeito.

 

Aumenta também a resistência a infecções e resfriados.

 

A maior fonte de rutina são as uvas escuras e, portanto, os vinhos tintos.

 

– Hesperidina e Diosmina

 

Flavonoides abundantes no caroço e casca da uva, se mostraram efetivas contra uma proteína alvo, a M (pro), responsável por ajudar o coronavírus a se reproduzir.  

 

Agora a boa notícia.

 

Consumir, no caso dos homens, duas taças de vinho por dia, e no caso das mulheres, um taça, não compromete a sua saúde. Aliás, só melhora, inclusive a sua resposta imunológica.

 

Isso não significa, quero lembrar, que tanto o vinho como seus componentes (em especial a quercetina) são a cura para Covid-19.

 

E mais: o aumento do uso de álcool por dias ou semanas pode suprimir os seus benefícios.

 

Lembre-se que tudo depende da dose.

 

Eu lhe desejo dias melhores,

 

 

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Referências bibliográficas:

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  • Medical Hypothesis, 2020;142(109800)
  • Frontiers in Immunology, 2019
  • Journal of Biological Chemistry, 2007.

 

 
 
 
 

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