O TRISTE FIM DO EX-SUPERMINISTRO
Depois da truculenta interferência na Petrobras, ficou mais evidente que Paulo Guedes, de superministro, virou uma espécie de bobo da corte de Jair Bolsonaro. Como mostra a Crusoé na reportagem de capa desta semana, Guedes e seu ideário foram inteiramente soterrados pelos planos de sobrevivência política do presidente da República e da sua própria reeleição. A permanência de Guedes no governo serve apenas para tentar distrair o mercado.
Leia um trecho da reportagem da Crusoé:
"Em quase três décadas como deputado federal, Jair Bolsonaro teve uma atuação essencialmente estatizante. Votou contra o fim do monopólio da Petrobras e contra as privatizações. Alinhou-se ao PT contra o Plano Real, boicotou as reformas administrativas e todas as articulações para reformular o sistema previdenciário. Em 2018, em uma jogada eleitoral, Bolsonaro deu a impressão de ter dado uma guinada ideológica e apresentou-se como convertido ao liberalismo. Grande avalista dessa metamorfose política, o economista Paulo Guedes seduziu o mercado com compromissos audaciosos. Prometeu zerar o déficit público em um ano, arrecadar mais de 1 trilhão de reais com a privatização de estatais, cortar gastos e abrir o país ao comércio exterior. Guedes tomou posse em janeiro de 2019 como um superministro: concentrou atribuições, indicou técnicos para cargos estratégicos e sinalizou que teria forças para ditar os rumos da agenda econômica. No entanto, os interesses pessoais de Bolsonaro, bem como as suas verdadeiras convicções, impuseram-se.
Os planos de sobrevivência política do presidente, que incluem o pacto com o Centrão e seu retorno às bases corporativistas mais fiéis, soterraram Paulo Guedes e seu ideário. Nos últimos meses, quadros técnicos importantes foram deixando a equipe no mesmo ritmo em que se tornava cristalina a intenção de Bolsonaro de driblar o teto de gastos, adiar sine die as reformas e as privatizações. Nos últimos dias, a sabotagem explícita do presidente contra a agenda liberal derrubou as ações da maior empresa brasileira, a Petrobras, assustou os mercados internacionais e ressuscitou um passado nada glorioso de intervenções estatais na economia. Pelas redes sociais e sem nenhum respeito à legislação que rege o setor, Bolsonaro defenestrou Roberto Castello Branco da presidência da Petrobras e anunciou um corte bilionário de impostos incidentes sobre combustíveis, sem a apresentação de contrapartidas, como exige a Lei de Responsabilidade Fiscal. As consequências foram avassaladoras, mas os efeitos da crise vão muito além da perplexidade do empresariado e do impacto nas bolsas. O episódio minou a confiabilidade e a imagem do ministro da Economia. Suas promessas e compromissos viraram piadas e memes, como a tal recuperação em V, que não dá sinais de começar, ou o famoso "na semana que vem sai", explicação sempre sacada por Guedes para justificar o atraso de seus planos." Assine a Crusoé, a revista que fiscaliza TODOS os poderes e apoie o jornalismo independente, aquele que não recebe dinheiro de governo nenhum. Boa leitura e um abraço, Equipes O Antagonista e Crusoé |
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