Procuradores da força-tarefa da Lava Jato debateram a contratação do ex-procurador suíço Stefan Lenz, que liderou as investigações sobre a Odebrecht na Suíça, como uma forma de obter documentos vindos de apurações internacionais com maior facilidade. Os diálogos em um aplicativo de mensagens foram incluídos pela defesa do ex-presidente Lula (PT) em petição encaminhada ao STF (Supremo Tribunal Federal) e constam de reportagem de Gabriel Sabóia e Jamil Chade. Para a defesa de Lula, as conversas privadas obtidas pela Operação Spoofing evidenciam a relação estreita da Lava Jato com o suíço —que já havia encaminhado a procuradores documentos por fora dos canais oficiais de cooperação— e indicam que a força-tarefa apostava na obtenção informal de mais arquivos mesmo após o pedido de demissão dele do MP suíço. Ao UOL, o MPF-PR (Ministério Público Federal do Paraná) afirmou que "os procedimentos e atos da força-tarefa da Lava Jato sempre seguiram a lei e estiveram embasados em fatos e provas". "As supostas mensagens são fruto de atividade criminosa e não tiveram sua autenticidade aferida, sendo passíveis de edições e adulterações." Stefan Lenz também sempre negou que as práticas fossem ilegais. Nas conversas de 24 de janeiro de 2017, procuradores debateram a possível contratação de Lenz. Mensagens atribuídas ao procurador Orlando Martello evidenciam que, através de Lenz, as autoridades brasileiras pretendiam obter documentos sigilosos. "Acho que ele [Lenz] pode ser muito útil, sobretudo para tomar pé de tudo o que tem lá. Parece que há muito mais. No mínimo, conseguiríamos obter todos os docs da investigação lá. Seria um upgrade na investigação fenomenal!", disse Martello ao então chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol. Martello também faz ponderações sobre o suíço e alerta para possíveis críticas sobre o salário a ser pago ao ex-procurador. Alguns minutos depois, Deltan responde com um sinal de "positivo".
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