Bom dia!
Vivêssemos tempos normais, o mercado financeiro passaria a sexta-feira ocupado com duas notícias: a divulgação dos dados oficiais de desemprego dos Estados Unidos e a fala pública do presidente do Fed, Jerome Powell.
Mas os dias têm sido o oposto disso. Tanto o payroll quanto as projeções de Powell serão o foco do dia, mas tudo o que vier de lá será lido sob a lente da guerra comercial global de Donald Trump.
O levantamento de emprego deve mostrar que os Estados Unidos criaram 140 mil vagas de trabalho em março, abaixo dos 151 mil postos gerados em fevereiro. A taxa de desemprego deve ter permanecido estável em 4,1%, de acordo com levantamento da Bloomberg.
O banco central americano tem a missão de manter a inflação em 2% ao ano enquanto preserva o nível de emprego do país. Acontece que as tarifas devem encarecer os produtos em solo americano. Até aqui, os juros têm permanecido relativamente elevados (entre 4,25% 4,5% ao ano) para tentar fazer com que os preços caiam de volta à meta, dos atuais 2,5%.
Mas uma desaceleração da atividade econômica e o consequente aumento do desemprego colocariam o Fed em uma encruzilhada: a de aceitar preços mais altos para manter a população ocupada, ou perseguir a meta e estrangular a atividade, que será afetada pelas tarifas de Trump.
A confusão dos investidores é tamanha que a ferramenta da CME que monitora as apostas do mercado sobre as próximas decisões do Fed passou a mostrar que os juros americanos começariam a cair já em junho, em vez de setembro. Na prática, isso significaria que a atividade econômica precisaria esfriar em magnitude grande o suficiente para que o problema fosse maior do que a alta da inflação. E esse não é o cenário-base dos economistas.
O clima de barata-voa permanece nesta sexta-feira. Os futuros das bolsas americanas continuam a cair após o S&P 500 ter registrado a maior perda diária desde a pandemia. Na Europa, os principais índices também afundam, seguindo a queda vista na Ásia. O Brasil, que ontem escapou do massacre, deve se juntar ao caos: o EWZ, fundo que representa as ações brasileiras em Wall Street, recua quase 3% no pré-mercado.
Já o petróleo tipo brent é negociado na faixa de 67 dólares o barril. Trata-se do menor patamar desde agosto de 2021. Antes, portanto, da Rússia invadir a Ucrânia, resultando em sanções ao país de Putin que dificultaram a venda da commodity.
Para além do caos do mercado financeiro, que leva a reações exageradas, é possível levantar algumas hipóteses sobre a queda nos preços do brent. A primeira é que a Rússia não entrou na lista de tarifas do governo Trump, o que pode indicar maior tolerância com a circulação do óleo do país, isso apesar dos embargos oficiais. Uma segunda razão é que, se o comércio global diminui por causa da guerra comercial, há menos demanda por transporte. Por fim, pode-se dizer que investidores estão se preparando para uma recessão global. Bons negócios.
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