Afinal, o trabalhador chinês das big techs são superexplorados e submetidos a más condições de trabalho? Não mais, mas ainda há muito para mudar. É esse o tema trazido nesta semana pelo colunista Felipe Zmoginski, de Tilt. Histórias como a da Foxconn, que escandalizou o planeta há alguns anos quando 23 funcionários se suicidaram nas fábricas de Shenzhen, ficaram no passado. Esqueça as jornadas sobre-humanas de 66 horas semanais. Uma década depois, a realidade é outra. Os salários locais aumentaram - não na velocidade dos ganhos dos empregadores - e, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), organismo das Nações Unidas, em 2018, os trabalhadores chineses já ganhavam mais que seus congêneres na América Latina (com exceção do Chile) e tinham renda "similar" a operários de países menos desenvolvidos da Europa, como Grécia ou Portugal. Para conseguir essa renda, o funcionário chinês cumpre uma jornada de trabalho maior. E isso é ainda pior na indústria de tecnologia. Segundo Zmoginski, neste segmento, tornou-se célebre a expressão "996", que define as jornadas das 9 da manhã, às 9 horas da noite, seis dias por semana. Mas, principalmente por causa de um misto de pressão governamental e dificuldade de fazer os jovens talentos aceitarem ritmos de trabalho tão acelerados, muitas corporações chinesas estão tentando reduzir o tempo de seus colaboradores dentro da empresa. A ByteDance, por exemplo, empresa que controla o TikTok, anunciou que além das férias anuais de duas semanas e dos feriados nacionais, já previstos em lei, cada trabalhador poderá tirar 10 dias adicionais de descanso... para "cuidar da própria saúde ou da saúde de familiares". O episódio não é isolado e acompanha medidas já anunciadas por outras big techs chinesas, como Tencent, Alibaba e Baidu, que disputam entre si os profissionais mais qualificados desta indústria. Ao se globalizar, as techs chinesas também precisam ser atraentes para trabalhadores internacionais, que as ajudem a conquistar novos mercados. No caso chinês, nem sempre oferecer um bônus mais gordinho — tradicionalíssimo apelo das empresas do país — é suficiente. ******** Quer um jeito prático de se informar? Veja como receber notícias de Tilt em seu WhatsApp ou no Telegram! |
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