"Antigamente, não queria ser processada; hoje, não quero ser cancelada", disse a Astrid Fontenelle à repórter Nathália Geraldo em entrevista publicada em Universa na última semana. Aos 61 anos, a apresentadora do Saia Justa falou sobre influência, exposição e opinião. Em 2015, contou que fez um aborto aos 18 anos, no Saia. "Para nossa surpresa, fui muito bem acolhida", lembra. Pra tocar no assunto, ela precisou se preparar. As redes já existiam. Mas foi no ano passado que viu de perto um cancelamento. O motivo? Deixou em um banco perto de casa um pôster que ganhou da ex-BBB Juliette. Os cactos, como são conhecidos os fãs da moça, foram à loucura. Astrid ligou pra ela. "Juliette, tenho 35 anos de carreira, me ajuda." Todo o zelo de Astrid contrasta com o freestyle de Viih Tube, representante da primeira geração de YouTubers, nascida na virada do século XX para o XXI. Aos 21 anos, ela já foi vítima de ao menos 4 cancelamentos. Chegou a ser fisicamente agredida por um hater. No ano passado, também esteve no BBB. E foi eliminada com 96% dos votos - uma rejeição altíssima. Viih pagou (ainda paga?) um preço alto por ter crescido sob o escrutínio do público, seja em suas redes, seja no maior reality da TV brasileira: ela contou à repórter Júlia Flores, em entrevista publicada na última semana, que sofreu com depressão e chegou a tentar o suicídio. Diante dos milhares de seguidores, ela hoje garante que está menos sensível ao julgamento alheio e, ao mesmo tempo, sabe que a vida que escolheu virá sempre acompanhada de uma dose de desamor. Impossível não comparar as experiências de Astrid e de Viih. Com tanto tempo na estrada, Astrid escolheu o caminho do cuidado e autopreservação. Viih pode estar há pouco na pista, mas certamente criou, a duras penas, um casco duro, que lhe permite hoje assumir que é uma mulher livre, e que pode, sim, dizer e fazer o que quer - danem-se os haters. Não é preciso ser famosa ou ter milhões de seguidores pra entender o peso e a pressão que as redes trouxeram pra vida de todo mundo e, principalmente, das mulheres. Astrid e Viih são produtos de tempos diferentes. Mas sentem com a mesma intensidade as ondas de hate. Um lembrete pra que se olhe pra essas mulheres que nos entretêm com gentileza e acolhimento - não há ser humano imune ao sentimento de rejeição. |
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