Deu na manchete do UOL: "Exclusivo: polícia indicia Saul Klein por crimes sexuais contra 14 mulheres". A notícia, publicada em primeira mão pelos jornalistas Camila Brandalise (de Universa) e Pedro Lopes (de UOL Esporte), conta que o empresário, filho do fundador das Casas Bahia, Samuel Klein, será formalmente investigado por um extenso rol de crimes: organização criminosa, tráfico de pessoas, estupro, estupro de vulnerável, casa de prostituição, favorecimento à prostituição e falsificação de documento público. A polícia também pediu a prisão preventiva de Klein e de outras nove pessoas suspeitas de estarem envolvidas nos crimes. Há exatamente um mês, dia 29 de março, Universa e a produtora Mov.doc, do UOL, lançavam o documentário Saul Klein e o Império do Abuso. Registramos, com riqueza de detalhes, os depoimentos das vítimas, que narram desde as falsas promessas de trabalho que as levaram a caírem numa rede de aliciamento, até a chocante rotina de abusos a que eram submetidas dentro das propriedades de Klein. Uma das reportagens publicadas à época da estreia revelou que, desde as primeiras denúncias, feitas em setembro de 2020, o inquérito estava parado. Na verdade, pulava de mão em mão, passando por quatro advogados da Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri (três trocas em oito meses). Priscila Camargo, que assumiu o comando da delegacia em fevereiro desse ano, foi a responsável pelo indiciamento de Saul. As advogadas das 14 vítimas que denunciaram o empresário à justiça, Priscila Pamela dos Santos e Maíra Recchia, que também assumiram o caso recentemente, celebraram a decisão da delegada. Há que se comemorar, também, o fato de a justiça dar credibilidade aos depoimentos das mulheres. Em outro momento, a mesma justiça acatou a tese da defesa, que vendeu um Klein "sugar daddy", para retirar medidas protetivas das vítimas. Basta ouvir o que as moças têm a dizer pra entender que o que acontecia entre Saul e essas meninas, quase todas muito jovens e de origem humilde, nada tinha a ver com um relacionamento amistoso. Se a série documental produzida por Universa contribuiu para que a delegada Priscila assumisse o caso com maior celeridade que seus antecessores, não podemos afirmar. Mas aqui em Universa continuaremos a acompanhar o caso e seus desdobramentos de muito perto. Como escreveu Carol Trevisan, colunista do UOL: "Ao tornar pública a dimensão das vítimas, contextualizar os fatos e mostrar suas consequências por meio do conjunto de reportagens, o jornalismo cumpre uma de suas funções sociais: denunciar violações, levá-las ao debate público para que possam ser investigadas pelas instâncias responsáveis e, por fim, abrir espaço para a reparação por meio do conhecimento dos fatos e da Justiça." *** "A vida é um pacote completo, com alegrias e tristezas, perdas e ganhos" Não fosse o breaking news sobre o indiciamento de Saul, esta newsletter seria dedicada à leveza de Susana Naspolini, entrevistada por Luiza Souto para a seção 10 perguntas. Aos 49 anos, a apresentadora do RJ1, telejornal da Globo no Rio de Janeiro, enfrenta a metástase de um câncer. Susana falou à Luiza sobre dor, doença e morte com honestidade desconcertante. "A ideia do 'por que isso aconteceu comigo?' é soberba da gente. 'O que você tem de especial que a dona Maria pode ter a doença e você não?". Para lidar com a doença, ela compartilhou o diagnóstico no Instagram e recebeu uma onda de solidariedade, que a ajuda a seguir em frente. Da filha de 15 anos ela não esconde nada. Aliás, é o desejo de vê-la crescer que faz com que ela lute com força contra a doença. "Não quer dizer que você não vai ficar triste, mas isso é estar viva." |
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