Já falei do James Clear por aqui, tanto citando em textos quanto nos links do mês. O cara sabe muito sobre hábitos e eu adorava as dicas que ele dava sobre o tema em sua newsletter: como ser mais produtivo, como ser menos procrastinador, como se afastar de hábitos ruins, essas coisas. Se você gosta desse assunto, recomendo ir atrás do que ele fala. Certa vez, ele deu essa morta: "Uma dica pra quem quer ver menos TV é deixar o controle remoto em algum lugar de acesso menos fácil do que somente em cima do sofá. Uma gaveta, por exemplo. Assim, quando passarmos pela sala, ver TV não será algo tão automático, pois exigirá um esforço, mesmo que mínimo, a mais." Nada de muito inovador, né. Esse é o velho truque de dar uma enganadinha no nosso cérebro ao criar uma mini barreira para um hábito que queremos deixar de fazer. Mas será que funciona? Esses dias eu decidi que queria jogar videogame somente aos finais de semana, e resolvi testar essa dica. Ao invés de guardar o controle na gaveta (eu não tenho gaveta na sala), decidi desplugar o videogame da tomada. Chegava final de domingo e eu desconectava os cabos do aparelho, com o objetivo de não jogar até a próxima sexta. Nossa, funcionou demais. Se estou vendo TV na sala e bate a vontade de jogar, antes era só esticar o braço e pegar o controle. Hoje é completamente diferente. É só ver os cabos desconectados que na mesma hora volto pra realidade. 1) "Vai ser muito trabalho ligar os cabos de novo" e 2) "não é hora de jogar, eu só jogo finais de semana". Se eu esqueço de desconectar os cabos no domingo a chance de eu jogar na segunda é 100% hahaha Juro. O caminho fica muito fácil. Os cabos impactam MUITO na minha percepção sobre o hábito. Os cabos desconectados? Não é hora de jogar. Cabos conectados? Tá liberado. A minha experiência anterior com algo do tipo foi mover o aplicativo do Instagram para o fundo do celular, dentro de uma pasta que ficava dentro de outra pasta. Nada mudou. Em 3 dias eu já estava acostumado a fazer o caminho com meu dedo e acessava o app sem dificuldades e peso na consciência. O novo lugar tinha virado o padrão. Talvez eu precise começar a deixar o celular longe do dedo. Já percebi que se ele está em um cômodo diferente de mim eu simplesmente nem lembro que ele existe. Ainda no mundo online, outro teste que estou botando em prática é deslogar do Twitter sempre que eu vou fechar a janela dele, para quando eu abrir a página automaticamente durante uma procrastinação online, venha a tela de login, e não a timeline cheia de tweets das pessoas. Assim, espero que eu me acostume a usar menos. Outro exemplo que lembrei do mundo físico: assim que comprar alface, já lavar e secar todas as folhas, deixando num pote na geladeira prontas para comer. Esse pequeno gesto — super chato e trabalhoso, admito — aumenta em 40000% a chance de eu comer alface nas refeições e terminá-lo antes de apodrecer. É um exemplo oposto dos outros né, pois nesse tu destrói a barreira para permitir que o hábito exista, enquanto nos outros tu cria barreiras para ele não acontecer. Afastar fisicamente as coisas mexem com nossa vontade, fazer todo o trabalho sujo de uma vez só também. Nosso cérebro tá aí sempre em busca do conforto, e é nosso papel jogar com isso. Testem aí algumas coisas com vocês e vejam se faz sentido :) |
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