Leia no ritmo da musiquinha da Pantera Cor-de-Rosa: Copom Copom/Copom/Copom Copom Copom/Copom Copommmmmm.
O tema foi criado originalmente para uma comédia sobre um detetive abestalhado, Jacques Clouseau. E cai bem aqui, pois o que mercado faz neste momento é examinar de forma detetivesca, e um tanto atrapalhada, a numerologia do Copom (o Comitê de Política Monetária do Banco Central, que define nossa amiga Selic a cada uma de suas 8 reuniões anuais).
Antes de Guedes trair a responsabilidade fiscal tendo um caso tórrido com o furo no teto de gastos, o BC previa aumentos de 1% nas duas reuniões finais do ano – a que rolou ontem e a de dezembro. Traição consumada, colocou o pé no acelerador, e aumentou a taxa básica de juros em 1,5 pp, para 7,75%, nesta quarta. E reconheceu no comunicado de ontem que a alta no ritmo se deu por conta do furo no teto – no seu modo parnasiano de sempre, chamando o drible na lei que limita os gastos públicos de "recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal".
Bom, "arcabouço fiscal" são as regras que impedem o governo de se endividar loucamente para gastar loucamente. O centro do problema é o "gastar loucamente": tratar-se de uma medida que causa inflação, pois injeta uma enxurrada de dinheiro novo na economia. Quando aumenta os juros, o BC drena dinheiro da economia, de modo a frear a inflação. Se o governo abre uma nova comporta de dinheiro, o BC abre um novo ralo.
E o mercado "debate" o tamanho desse ralo. Seria adequado? A resposta: ninguém faz a mais vaga ideia. Formou-se um consenso de que 1% era pouco. O BC teria de responder com uma alta. De quanto? Talvez 1,25%, para não sair chutando o balde (aumentar os juros muito rápido drena dinheiro demais, e sem dinheiro o PIB fica sem combustível). Talvez 1,5%...
Então o BC veio ontem com 1,5% – o teto do tal consenso de expectativas. O mercado, porém, agora ameaça furar seu próprio teto. Já não faltam analistas achando que foi pouco.
Analistas não representam o mercado – essa entidade incorpórea, formada pelo comportamento coletivo de todos mundo que investe. Logo, a resposta sobre o que essa entidade realmente acha ou deixa de achar virá no pregão de hoje.
Pregão que começa com uma notícia positiva. Nesta manhã, a Ambev anunciou um lucro de R$ 3,7 bilhões no terceiro trimestre de 2021 – 57,4% superior ao do mesmo período do ano passado, superando o consenso de expectativas.
E o exterior promete ajudar: alta de 0,26% nos futuros do S&P 500.
Boa quinta!
Nenhum comentário:
Postar um comentário