O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro exibido em rede de TV na noite de terça-feira (23) mereceu cobertura bastante crítica dos telejornais da Globo. Mas, diferentemente do tratamento dado por diversas emissoras nos EUA ao ex-presidente Trump, por aqui ainda há um cuidado em dizer na televisão, com todas as letras, que o presidente mentiu. Tanto o "Jornal Nacional" quanto o "Jornal da Globo" fizeram um malabarismo para, sem usar o verbo "mentir", mostrar que o presidente mentiu. No final da noite, a âncora do JG, Renata Lo Prete, disse: "Em tom sóbrio, (Bolsonaro) não dirigiu ataques à ciência nem a adversários e prometeu vacinação em massa. Mas disse algo que não é verdade: que sempre se empenhou para comprar todos os imunizantes quando foi pública e notória a oposição dele à Coronavac, que acabou sendo a principal vacina disponível para os brasileiros". O JN usou um outro método: a contraposição de afirmações. "Ao longo desses 12 meses de pandemia, os brasileiros viram o presidente por em dúvida a eficácia da vacina do Butantã, que ele chamava de vacina chinesa. Mas, no discurso de hoje, Bolsonaro disse que sempre foi a favor das vacinas", disse William Bonner. "O presidente também se notabilizou por provocar aglomerações e por desprezar o uso de máscaras, mas hoje afirmou que sempre fez tudo para combater a pandemia", afirmou Renata Vasconcellos. UOL, Folha e Estado de Minas falaram abertamente em mentiras ditas no pronunciamento. Os jornais "O Globo" e "O Estado de S.Paulo" usaram a palavra "distorção". No último ano do governo Trump, nos EUA, a mídia americana se viu obrigada a discutir como tratar as mentiras do presidente sobre a pandemia e a suposta fraude nas eleições. Numa situação-limite, em novembro passado, várias emissoras de TV decidiram interromper no meio um pronunciamento do então presidente porque ele estava reproduzindo acusações falsas sobre o resultado da eleição.
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