A verdade sobre o Novembro Azul que você não ouve na televisão  | Dr. Carlos Schlischka , Médico da Saúde Natural |
Chegou o mês de novembro e você, homem que passou dos 50 anos, já sabe: vai ouvir falar muuuuuuuito sobre o exame anual da próstata. Eu nunca imaginei que fosse falar isso, mas… ... a teimosia, vergonha, constrangimento de alguns homens em participar dessa campanha de massa de exames e mais exames pode até poupar as glândulas masculinas. "Que absurdo, doutor Carlos, como assim?" É simples: Definitivamente, pregar que você faça todo e qualquer exame sem te orientar como se proteger de verdade não vai mudar um décimo da sua saúde. Exame só detecta. O que previne é outra coisa. E mais: a forma como as campanhas do Novembro Azul estão organizadas hoje, mostram as pesquisas, tem trazido alguns alertas de perigo que é importante que você saiba. E estou aqui para revelar os principais deles. #1 O que o toque do Novembro Azul não revela? Vamos lá, qual seria o principal objetivo de uma campanha como Novembro Azul? Evitar que lá na frente os homens morressem mais por câncer e outras doenças ligadas à próstata, certo? Porém, quando você compara as taxas de mortalidade dos homens que participam das chamadas campanhas de rastreamento com as dos homens que não participam, não há diferença nos índices. Sim, as pesquisas estão reforçando que da forma como são organizadas hoje as indicações da realização dos exames, não há efeito em impedir que esses homens morram. O problema é que parece existir uma imensa resistência em admitir ou ao menos discutir isso. Tanto que os governos continuam sendo os principais patrocinadores e veiculadores do Novembro Azul. Até personalidades na mídia são convocadas para endossar o coro. A exemplo do Ben Stiller, aquele cara engraçado dos filmes.  Crédito: Andrea Raffin
Ele descobriu um câncer aos 48 anos, foi submetido a uma cirurgia e não se importa em dizer que enfrenta as consequências do procedimento em sua vida sexual. Depois, passou a clamar que os homens fizessem exames de próstata como se essa fosse a grande solução. Não culpo Stiller, muito menos os médicos que fazem campanha. Mas qual seria o propósito disso se o câncer próstático só aumenta? Enriquecer os laboratórios participantes? Veja, uma pesquisa feita pela Universidade de Washington e publicado por The New England Journal of Medicine, a revista científica de Harvard, deveria ter incentivado uma reflexão.. A Universidade de Washington acompanhou, por entre 7 e 10 anos, 76.693 homens. Entre essas pessoas, estavam aquelas que passaram pelo retal digital e aquelas que não passaram por exames neste período. Após o período de acompanhamento, a incidência de câncer de próstata, apesar de semelhante, foi maior no grupo que fazia o exame anual. Assim como a taxa de morte em decorrência desse tipo de câncer foi maior no grupo triagem do que no grupo sem triagem anual. A conclusão a que os pesquisadores chegaram: após 7 a 10 anos de acompanhamento, a taxa de mortalidade por câncer de próstata foi muito baixa e não diferiu significativamente entre os dois grupos de estudo. E um dado a se considerar é que o índice de mortes por câncer entre aqueles que passavam regularmente pelo rastreamento foi 17,6% maior na comparação com aqueles que não passaram por exames constantemente. Além desse estudo em larga escala, em 2013, a Fundação Cochrane - mais respeitada rede independente de pesquisadores do planeta - atualizou sua revisão sistemática que avaliava o rastreamento do câncer de próstata. A conclusão dos revisores foi que o rastreamento por exame de toque não diminui a mortalidade. Para isso, foram avaliados cinco estudos com 341.342 homens. Em apenas um deles, houve redução com o rastreamento em uma localidade onde havia alto índice de mortes pela doença. #2 O risco do exame para próstata Esse não é o único exame masculino que está em xeque quando o ponto é a forma que é indicado. Entidades de relevância comprovam ainda que outro exame bastante solicitado por urologistas, o PSA (antígeno prostático específico) tampouco é suficiente para prevenir câncer de próstata. O PSA, avaliado por coleta de sangue, é um exame muito sensível. Por conta disso, tudo pode comprometer o resultado, o que não raro pode oferecer um falso positivo para a suspeita de câncer de próstata. Imagina o impacto psicológico de um falso positivo? Imagina se o exame não é reavaliado e desperta uma ação em cadeia formada por procedimentos invasivos, medicações pesadas e muito pânico? Muitas vezes, apenas com o primeiro resultado do PSA, o paciente é encaminhado para a biópsia. Um procedimento doloroso em que fragmentos da glândula são retirados com agulhas através do reto. A biópsia é outra intervenção muito invasiva e que pode vir a causar sérios efeitos colaterais, como por exemplo, a impotência. E para piorar, assim como o PSA, a biópsia também pode ter como resultado um falso positivo. Até mesmo a Mayo Clinic , uma das mais importantes instituições médicas do mundo, reconhece que o rastreamento precoce pode trazer mais riscos do que benefícios. E se você acha que são só as entidades internacionais que reconhecem que o rastreamento em massa é desnecessário, aqui no Brasil instituições sérias também são ignoradas pelo Novembro Azul. Até o próprio INCA, o Instituto Nacional de Câncer, afirmam que ele traz mais danos do que benefícios e recomendam que não se organizem mais campanhas. Olha só a mensagem do INCA:  Tudo isso é para te dizer, mais uma vez que... O exame de toque NÃO te protege, de verdade, contra o câncer. O que eu te proponho, então?. | | ANÚNCIO
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Ao invés de seguir fielmente as regras do Novembro Azul, converse com o seu médico e só se submeta a esses exames se apresentar histórico familiar e se já tiver sintomas na próstata. Indicação de exame deve ser individualizada e não prescrita só porque você apagou as velas do aniversário e é do sexo masculino. E se o seu PSA apresentar resultado alterado, antes de se submeter a uma biópsia e a outros procedimentos arriscados e invasivos, peça ao seu médico o encaminhamento para exames como: PCA3 e doppler 3D colorido da próstata. Se quiser trilhar um caminho mais preventivo para proteger e blindar a sua próstata, essas alternativas existem e são cientificamente comprovadas. E isso quer dizer que nunca, em hipótese nenhuma as cirurgias e os exames são necessários? A minha resposta é que, óbvio, em alguns casos os procedimentos cirúrgicos podem salvar vidas. Mas eles sozinho não cumprem o papel de resgate e de prevenção, porque isso depende de você e do seu conhecimento. Caminhos naturais e também efetivos. Mas que, por razões diversas, não são divulgados. Por isso, escolhi o início de Novembro para te apresentar o checklist da prevenção real do câncer de próstata. Espero que aproveite e que só faça o exame se você, em conjunto com o seu médico, chegarem a conclusão de que é uma ação complementar à prevenção.
#1: Cuide da sua vida sexual. Estudo publicado no Journal of American Medical Association , evidenciou a sabedoria popular: quanto mais sexo, melhor para a próstata. Homens cuja atividade sexual era maior que 21 vezes ao mês, principalmente quando esta atividade se mantinha durante toda a vida, tinham dois terços menos riscos de terem câncer próstático. #2: Não fume. O tabagismo não está tão fortemente associado ao câncer de próstata quanto aos cânceres de pulmão, rim e bexiga. Todavia, estudos mostram que fumantes tiveram um risco 40% maior de recorrência após o tratamento e um risco 89% maior de morte por câncer de próstata. Ex-fumantes, que haviam parado de fumar nos seis anos anteriores, tinham maior risco de recaída, mas não de doença metastática ou morte por câncer de próstata. E os homens que pararam de fumar mais de dez anos antes do diagnóstico de câncer de próstata tinham um perfil de risco semelhante ao daqueles que nunca fumaram. Se quiser parar de fumar aposte no cravo. Mastigue um sempre nos momentos de fissura, ele acaba com a urgência oral e te ajuda a superar o vício. #3: Reduza a quantidade de carboidratos na sua alimentação e elimine o açúcar de uma vez por todas. Dietas ricas em frutas, vegetais, legumes, nozes, gorduras como abacate, peixe gordo e coco, livres de pesticidas, carnes de animais criados a pasto, ovos são protetoras contra o câncer de próstata; #4: Invista em tomates, frutas e legumes alaranjados e ganhe 18% de proteção extra. Eles são ricos em licopeno, uma substância associada à redução de 18% no risco de câncer de próstata. A melhor fonte de licopeno? Um delicioso molho de tomate caseiro.Você também pode falar com o seu médico sobre a suplementação de licopeno. #5: Coma brócolis e outras crucíferas e ganhe um anticancerígeno natural. Ao menos 3 vezes por semana, coma as brássicas. Eles são ricos em indol-3-carbinol, um potente anti-inflamatório e anticancerígeno. Mas não adianta cozinhar muito porque aí eles perdem o efeito protetor. Viram uma espécie de "brócolis placebo". Além da alimentação rica nessa substância, também conheça a suplementação na forma di-indol-carbinol. O ensaio científico "Gene expression profiles of I3C-and DIM-treated PC3 human prostate cancer cells determined by cDNA microarray analysis" divulgado na publicação científica The Journal of Nutrition, no ano de 2013, confirmou que o indol-3-carbinol impede o crescimento das células de câncer de próstata. A suplementação com di-indol-carbinol em apenas 3 dias reduziu a proliferação das células cancerígenas. #6: Aposte no óleo de semente de abóbora. Na Alemanha, mais de 50% dos urologistas recomendam suplementos de óleo das sementes de abóbora no tratamento de próstata de seus pacientes, sabia? O efeito anticâncer do óleo de semente de abóbora está, entre outros, em uma substância conhecida por beta-sitosterol, que protege a sua glândula e também está ligada à ação anticâncer de pulmão, cólon e até mesmo leucemia. Entre suas ações, o beta-sitosterol induz a apoptose (o suicídio das células doentes), inibe a proliferação das células cancerosas e previne inflamação e metástase. Depois dessa longa conversa que tivemos hoje, repense o Novembro Azul e encontre uma forma realmente eficaz de proteger a sua próstata. Assim, você saberá efetivamente quando o exame for necessário. Compartilhe suas escolhas com o médico que o acompanha. Abraços, | | ANÚNCIO
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Referências bibliográficas: - https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/psa-test/in-depth/prostate-cancer/art-20048087
- Andriole GL, Crawford ED, Grubb RL 3rd, Buys SS, Chia D, Church TR, Fouad MN, Gelmann EP, Kvale PA, Reding DJ, Weissfeld JL, Yokochi LA, O'Brien B, Clapp JD, Rathmell JM, Riley TL, Hayes RB, Kramer BS, Izmirlian G, Miller AB, Pinsky PF, Prorok PC, Gohagan JK, Berg CD; PLCO Project Team. Mortality results from a randomized prostate-cancer screening trial. N Engl J Med. 2009 Mar 26;360(13):1310-9. doi: 10.1056/NEJMoa0810696. Epub 2009 Mar 18. Erratum in: N Engl J Med. 2009 Apr 23;360(17):1797. PMID: 19297565; PMCID: PMC2944770.
- https://www.cochrane.org/pt/CD004720/PROSTATE_exames-preventivos-para-cancer-de-prostata
- Leitzmann MF, Platz EA, Stampfer MJ, Willett WC, Giovannucci E. Ejaculation frequency and subsequent risk of prostate cancer. JAMA. 2004 Apr 7;291(13):1578-86. doi: 10.1001/jama.291.13.1578. PMID: 15069045.
- https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/01635581.2015
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