"Meninas, principalmente negras, que muitas vezes são ignoradas e subvalorizadas, talvez se vejam pela primeira vez de uma maneira diferente: sabem que têm o necessário para serem presidentes e vice-presidentes" Joe Biden, candidato democrata à presidência dos EUA, sobre a escolha de sua candidata à vice, Kamala Harris Um dos nomes mais falados dessa semana foi o de Kamala Harris. A senadora americana, negra e filha de pais imigrantes, foi escolhida entre várias mulheres poderosas da política americana para ser a parceira de chapa do candidato democrata Joe Biden na disputa contra Donald Trump pela presidência americana, nas eleições de novembro. Kamala é a primeira mulher negra e a quarta mulher a participar de uma chapa presidencial de um dos principais partidos na história dos Estados Unidos. E o fato de que Biden já tem 77 anos, e que provavelmente só concorrerá uma vez ao cargo, já faz com que muitos vejam Kamala como futura candidata à presidência em 2024. "E o que a gente tem a ver com isso?", você me pergunta. Eu te conto aqui. 1. A hora e a vez das mulheres. E das mulheres negras. As mulheres brigam por mais espaço na política há muito tempo. Mas, recentemente, elas vêm ganhando mais atenção: seja porque os países liderados por mulheres vêm apresentando melhores resultados no combate à covid-19, seja porque elas estão se preparando pra galgar postos mais altos. No Rio, por exemplo, como mostra reportagem de hoje da Luiza Souto, aqui em Universa, seis mulheres são pré-candidatas a disputar a prefeitura da cidade. Ainda subrepresentadas, as mulheres negras também estão criando estratégias para conquistar cargos importantes. Kamala vem mostrar que chegar lá é possível. 2. Ambiciosas, sim. Nos Estados Unidos, durante a cobertura de quem seria a candidata à vice-presidente, Kamala Harris foi descrita pela imprensa local como "ambiciosa", como se isso fosse um defeito. "Como se todo político que concorre à presidência não fosse ambicioso", disse Hilary Rosen, estrategista do partido democrata. Um grupo de mulheres do partido pediu à imprensa que trabalhe ativamente para ser antirracista e antissexista em sua cobertura. Algo que não faria nada mal seguir por aqui também. 3. Desejo e reparação. Na próxima semana, os Estados Unidos vão celebrar o centenário do voto feminino no país fazendo uma reparação histórica. O livro "Finish the Fight! The Brave and Revolutionary Women Who Fought for the Right to Vote" joga luz em trajetórias de mulheres negras, asiáticas e latinas que também atuaram nessa conquista. Universa entrevistou a organizadora da obra que afirmou: "Por muito tempo, o movimento sufragista tem sido a história de poucas mulheres brancas [...]. Mas há muitas outras mulheres que ajudaram a tornar o sufrágio uma realidade para todas nós." 4. Acorda, Brasil. Vendo o destaque de Kamala nos Estados Unidos, é impossível não pensar: Quando isso vai acontecer no Brasil? Nossa colunista Nina Lemos refletiu sobre o assunto. "O mundo, muito lentamente, começa a ver que mulheres e negros precisam ocupar cargos de poder. É hora de termos essa conversa", convida. Nina destaca que a proporção de negros eleitos para cargos públicos em 2018 no Brasil foi de apenas 4%. E que as mulheres são só 15% do Congresso. "A julgar pela situação política atual, falta muito, mas muito mesmo." 5. Fim do pesadelo? Para alguns, a eleição e o governo de Donald Trump nos Estados Unidos deram o start em um período de trevas não só para os americanos, mas para o mundo todo. Nosso blogueiro Matheus Pichonelli lembra como ficou assustado, em 2016, quando trombou numa caricata passeata pró-Trump que descambou em quebra-pau em São Paulo. "O anúncio de Kamala, que já criticou Bolsonaro pela omissão na questão ambiental, talvez seja o começo do fim daquele pesadelo em que mergulhei quando resolvi caminhar pela Paulista no já distante 2016 e que nunca mais acabou." |
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