Grupos a favor e contra o presidente Jair Bolsonaro entraram em confronto no domingo, durante protestos em São Paulo e no Rio de Janeiro. A Polícia Militar usou bombas de gás contra manifestantes. Foi a primeira vez, durante a pandemia do novo coronavírus, que foram registrados atos contrários ao presidente — eles foram realizados por torcidas organizadas de times de futebol que levaram bandeiras antifascistas, entre eles Flamengo, Corinthians e Palmeiras.
Enquanto isso, Bolsonaro participou de novo ato em Brasília contra o STF e com pedidos de intervenção militar. Desta vez, o presidente montou em um cavalo da Polícia Militar e passou pelos manifestantes.
Em detalhes: investigada pelo STF, a ativista Sara Winter comandou protesto na madrugada de ontem em frente à Corte. O grupo vestia máscara e carregava tochas, ato que foi comparado ao de supremacistas americanos. Já na Avenida Paulista, a presença de um símbolo neonazista ligado à Ucrânia será investigada pela polícia.
Outro olhar: a participação de torcedores nos protestos a favor da democracia mostra que o futebol não precisa de jogos para ser uma força ativa na sociedade, afirma Carlos Eduardo Mansur. Colunistas do GLOBO analisaram a mobilização das torcidas organizadas.
Bastidores: militares da cúpula do governo Bolsonaro apontam um “excesso” de decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal (STF) como a razão da crise institucional em curso, conta o repórter Vinícius Sassine.
A verba publicitária de empresas estatais, como Petrobras e Eletrobras, financiou canais no YouTube que veiculam notícias falsas, pedem intervenção militar no país e defendem o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. Alguns donos dos canais são alvo da investigação no STF sobre rede de divulgação de fake news.
Entenda: 28.845 anúncios da Petrobras e da Eletrobras foram veiculados nestes canais entre janeiro de 2017 e julho de 2019, revela levantamento do GLOBO. Dados da Secretaria de Comunicação da Presidência apontam 390.714 anúncios em 11 sites com o mesmo perfil entre junho e agosto do ano passado. Veja os canais que receberam dinheiro público.
Em paralelo: canais de WhatsApp foram utilizados para a organização das manifestações a favor do governo de Jair Bolsonaro no domingo. A convocação começou logo após a operação da Polícia Federal contra supostos envolvidos na rede de notícias falsas. Enquanto isso, no Twitter, possíveis robôs foram usados para inflar reação contra o STF.
Entrevista: a máquina de informações falsas no Brasil surpreendeu o publicitário americano Matt Rivitz, criador do projeto “Sleeping Giants”, cuja versão brasileira expôs propagandas públicas em site que propaga notícias falsas. Ao GLOBO, ele defendeu desmonetizar essas páginas. “Se você quer ser racista, não tenha lucro com isso”, afirmou.
Conheça: as reportagens marcam a estreia do Sonar, projeto que se dedica a mostrar como as redes sociais influenciam o debate político.
O Brasil testemunhou a multiplicação de casos de Covid-19 em maio. Em 31 dias, o país saltou de cerca de 91 mil infecções para 514.849, contabilizadas pelo Ministério da Saúde até domingo. Nesse período, a pasta perdeu o segundo ministro durante a pandemia do coronavírus, Nelson Teich. Há 17 dias, o ministério é comandado por um interino, o general Eduardo Pazuello.
O que está acontecendo: os casos fatais também mudaram de patamar, de 6 mil em 1º de maio para 29.314 ontem. Nas últimas 24 horas, foram notificados 480 mortes e 16.409 casos da doença. No mundo, já são mais de 6 milhões de infecções — 7,3% delas ocorreram no Brasil.
Em paralelo: a pedido de Bolsonaro, o Exército voltará a fabricar cloroquina. Pelo menos mais 500 mil comprimidos serão produzidos. E o país vai receber dos Estados Unidos 2 milhões de doses de hidroxicloroquina, além de mil respiradores. Estudos científicos indicam que os medicamentos representam um risco para pacientes de Covid-19.
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