Gente, tá difícil focar. Tá difícil ler um artigo de poucos parágrafos. Tá difícil mergulhar numa tarefa por horas. Tá difícil se aprofundar em uma atividade sem se distrair. Tá difícil aceitar o silêncio. Tá difícil esperar e apenas esperar. Tá difícil fazer uma coisa só. Cada vez que um vídeo demora para carregar ou um site não abre instantaneamente, corro o mouse para uma nova aba para fazer outra coisa nesse meio tempo (poucos segundos, no máximo). Se o streaming dá uma travada, o celular precisa ser acionado. Começo a ler alguma coisa por aqui e se o texto tem uma imagem ou anúncio, isso é motivo para levar os olhos para outro lugar. Eu sempre fui um ciborgue quando o assunto era foco e determinação. Quando eu precisava realizar algo, fazia acontecer. Mas, se antes eu resolvia as coisas em grandes blocos de tempo de forma focada, ultimamente é quase impossível parar por 30 minutos que seja para fazer algo. Eu simplesmente não consigo. Meu cérebro não deixa. Meses atrás eu comprei uma ampulheta. Comprei para me ajudar a criar momentos de hiperfoco. A ideia era: assim que eu a virasse — ela demora 15 minutos para escorrer toda a areia —, eu não poderia mudar de tarefa. Acreditei que de 15 em 15 minutos eu reprogramaria meu cérebro. Não adiantou. Durante os 15 minutos eu me pegava fazendo outras coisas, ou os 15 minutos terminavam e eu nem percebia. Não serviu para nada. Mas ela não é culpada. Uma ampulheta não faz nada quando grande parte da minha rotina joga contra a ideia de foco. Por exemplo: estou escrevendo essa news no meu monitor enquanto na tela auxiliar (notebook) passa um jogo de futebol. Preciso do jogo ali atrapalhando meu foco? Não, é um jogo que não vale quase nada. Só que ele está ali para me ajudar a fazer isso aqui. Sem ele meu cérebro estaria mais “esfomeado” em busca de outra coisa para levar minha atenção ao invés de ficar aqui, presente nessa escrita, e seria ainda mais difícil focar. Vocês enxergam a armadilha? Estamos cada vez mais desfocados, e para conseguir focar temos que quebrar esse foco em várias partes pois parar para fazer uma coisa só é muito difícil. Para realizar uma tarefa de 2 horas precisamos de vários momentos de, sei lá, 15 minutos de atenção. E aquilo que levaria 2 horas para ser feito acaba levando 3 ou mais. - - - Já estou a muito tempo escrevendo e estou com medo de perder meu foco. Meu cérebro já está faminto por novidades. Ele me seduz para eu abrir uma nova aba, pegar meu celular, fazer outra coisa. Mas se eu quero mudanças, preciso acostumá-lo a ter menos estímulos: é hora de desligar o jogo da segunda tela. Botei uma música para tocar. No Spotify agora tem um vídeo que passa junto com a música. Quando isso começou? Só queria uma tela sem nada. O ícone de notificações ali no canto superior tem uma bolinha azul. O que será que diz? Azar. Apaguei a segunda tela fechando o notebook. Vamos continuar só com essa aqui. - - - Eu não tenho TikTok, Twitter e afins. Baixo o aplicativo do Instagram só quando quero postar algo. Não tenho notificações de quase nada no celular, ele não toca, não vibra, não me incomoda. Mesmo assim, tá difícil focar. Obviamente, essa condição não atinge somente a mim e é resultado da forma como a vida digital nos engloba no dia a dia. Quando a média de horas que as pessoas do nosso país passam no celular por dia é de 5 horas, praticamente 1/4 de um dia, fica fácil entender porque tá foda focar. E fica mais óbvio a falta de foco quando a maior parte dessas 5 horas nós passamos dentro Instagram, um ambiente totalmente caótico e propício para a distração. Já falei mal da economia da atenção alguns meses atrás, e ela não ajuda em nada o nosso foco. Descobri também que várias outras coisas, como a falta de sono e a qualidade do ar, impactam nossa falta de foco. Eu também tenho culpa no cartório. Trabalhar assistindo à Eurocopa, à Globo News ou a um videocast numa segunda tela não ajuda em nada no meu foco. Entendo também que estar numa empresa maior que no passado influencia nisso, pois mais pessoas e clientes significam mais possibilidades de interrupções ao longo de um dia. Levar o celular para o banheiro, pegar ele durante um filme para pesquisar qualquer merda que você lembrou e ver uma aula online jogando um jogo em outra aba, são muitos os gestos que minam nosso foco constantemente. - - - Só ficar nessa tela não tá sendo fácil. Tá difícil focar. Virei a ampulheta aqui. 15 minutinhos para eu terminar minha linha de raciocínio. Força, Braga. - - - O contexto atual do mundo não nos ajuda muito, então se eu quero que as coisas mudem, eu preciso mudar também. Além de reativar minha querida ampulheta, preciso adotar novas atitudes que me ajudem a focar com mais facilidade. Serão elas:
E isso é só o começo. Colocarei a recuperação do meu foco como uma prioridade para mim a partir de hoje. E acredito que ouvir outras pessoas pode ser bom nesse processo. Vocês têm dicas de como podemos lutar para recuperar nosso foco? Sou todo ouvidos. Esses primeiros meses serão difíceis, meu cérebro ainda está totalmente desacostumado a focar, e qualquer distração pode - - - A areia terminou de escorrer. Deixa eu só abrir uma outra coisa aqui e já volto…
Oie. Meu nome é Luciano Braga. Sou realizador de diversos projetos criativos nas áreas da comunicação, comédia, ficção e impacto social. Boto minha energia em iniciativas que desafiam minha criatividade, que empoderam pessoas e que deixam um legado positivo no mundo. Quer me conhecer? Vem no meu Instagram. |
sábado, 30 de novembro de 2024
Links do mês #104 e a falta de foco para terminar as coi
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