Você já deve ter lido vários textos sobre cidades inteligentes em Tilt. Mas, sempre que se fala em smart cities, algo que deve sempre ser levado em consideração, além da tecnologia, é a acessibilidade e a disponibilidade de moradias em qualquer ambiente urbano específico. E é exatamente aí que existe um grande problema: o pico dos preços dos imóveis. Especialista em cidades inteligentes, o colunista de Tilt Renato Castro escreveu um texto junto com Yuri Mendes, atual candidato a Smart City Expert em que abordam o efeito direto da covid-19 no esvaziamento de centros das cidades em contraste com suas áreas periféricas e o consequente aumento de preços. Por causa da pandemia, todos nós ficamos presos em casa. Foi aí que as pessoas começaram a prestar mais atenção na importância de se ter um lugar confortável, duradouro e seguro para morar enquanto o mundo lá fora parecia fora de controle. Os preços dos imóveis antes da pandemia já estavam altos e, muitas vezes, eram inacessíveis à classe média trabalhadora. Sabe como é, metrópoles como Londres, Nova York, Paris, Hong Kong foram e são alvos de investidores e compradores globais há muito tempo. Os especuladores são cheios da grana e não se importaram com os valores exorbitantes para investir em imóveis, pois consideravam suas aquisições investimentos de longo prazo. Na pandemia, condomínios fechados e apartamentos com belas vistas foram a prioridade, pois os bloqueios sanitários tornaram as casas e os apartamentos mais atraentes, pois estes eram, honestamente, os únicos lugares que se podiam estar em 2020. Apesar da alta do valor dos imóveis e do custo de hipoteca, os aluguéis ficaram estagnados. Essa equação é um dos vários indicadores da formação de uma bolha imobiliária. Como você deve ter notado até aqui, parece haver uma dicotomia em tudo isso. De um lado, as pessoas se esforçam para pagar suas hipotecas à medida que os preços aumentam e, de outro, os grandes investidores às vezes fazem aumentar ainda mais o preço de mercado em locais desejáveis. A falta de moradias, não somente o seu preço, também está agora sob o radar de muitos governantes e há cada vez mais promessas de governos locais para lidar com essa escassez. Qualquer cidade que deseja ser 'smart' precisa entender a urgência da questão dos preços e da escassez de moradias. O desenvolvimento de uma localidade e de seus cidadãos está inegavelmente ligado com o seu bem-estar, por isso, políticas públicas que visem contribuir para a sua mitigação são e serão sempre bem-vindas. As forças de mercado são o que fazem nossa sociedade atual funcionar e evoluir. Mas, a combinação de regulamentações governamentais mais proativas para evitar a falta ou inacessibilidade de moradias gera uma cidade mais saudável e competitiva para todos os seus cidadãos. O cidadão, afinal, deve fazer parte do poder decisório uma vez que seu engajamento é fundamental para a manutenção de tais políticas.
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