Jair Bolsonaro é um homem isolado no mundo e com um status equivalente a de um líder de uma republiqueta decadente e sanguinária. A opinião é do colunista Jamil Chade, que acompanhou a participação do presidente na reunião do G20 em Roma. Para Bolsonaro foi reservado o mesmo tratamento que democracias dão para líderes constrangedores que, em certos momentos, passam por solo europeu. Muitos deles são ditadores ou personagens criticados por violações aos direitos humanos. Segundo Chade, o analfabetismo diplomático do governo ficou evidente em Roma e eternizou um homem sem aliados, sem amigos, que menosprezou outros líderes, que ofendeu parceiros comerciais e que jogou o Brasil na sarjeta da diplomacia. As imagens falavam por si mesmas. O primeiro-ministro italiano Mario Draghi já deu o tom assim que Bolsonaro chegou. O brasileiro, sem vacina, não recebeu um aperto de mão por parte do italiano. Estava claro: ele era tóxico. Minutos depois, num canto da sala, seu isolamento era total, enquanto Angela Merkel, Macron, Boris Johnson, Antonio Guterres, Morrison, Trudeau, Modi e tantos outros buscavam caminhos para lidar com a pandemia e clima. Mas, entre esses chefes de governo, não faltavam ironias com o Brasil. Mas não era apenas na antessala do G20 que o isolamento ficou escancarado. Sua agenda em três dias por Roma previa apenas um encontro protocolar com o presidente da Itália, Sergio Mattarella - obrigado a receber todos os líderes na condição de anfitrião. Ele ainda esteve com dois personagens menores na hierarquia da diplomacia: o secretário-geral da OCDE (grupo dos países mais ricos) e, num sofá numa ala de espera do local da cúpula, Bolsonaro manteve uma conversa de alguns poucos minutos com Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde). Sem programação, ele saiu para caminhar e fazer turismo todos os dias em que passou pela capital italiana. Ironicamente, porém, não entrou no Vaticano e apenas conheceu o local por fora. Afinal, não havia sequer reunião marcada com o papa Francisco. O encontro com o político italiano que o resto da Europa se recusa a se reunir ainda ocorre no mesmo momento em que o mundo estava em Glasgow para negociar o futuro do planeta. Ciente que seria alvo de protestos, Bolsonaro optou por ficar longe do epicentro hoje das decisões globais. Na newsletter Olhar Apurado de hoje, trazemos uma curadoria com os pontos de vista dos colunistas do UOL, que acompanham de todos os ângulos a repercussão do noticiário. 
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