"Em 1987, fui a trabalho à Feira de Frankfurt, a maior feira literária do mundo, que acontece anualmente. Lá se reúnem editores, agentes literários e, com alguma sorte, bons autores. A lembrança mais viva dessa viagem é a de um editor português. Não recordo o nome, mas a sua figura permanece indelével. Ele não usava um pince-nez, mas era como se usasse. Aos meus olhos, era — e permanece como tal — uma figura empoeirada. A poeira assentou-se de vez sobre ele quando começamos a conversar.
Portugal aderira havia pouco à hoje União Europeia, e me pareceu natural abordar o assunto em nosso diálogo até então amigável.
— Imagino que os portugueses estejam muito com contentes com a entrada do país na Comunidade Europeia.
— O senhor deve estar a brincar.
— …
— Trata-se de uma desgraça.
— Como assim?
— Nos tornaremos definitivamente um balneário de alemães, ingleses e franceses. Seremos colonizados.
— Quisera eu que o Brasil tivesse a mesma sorte.
— O senhor não vê que é uma parvoíce?
— Portugal vai receber bilhões em investimentos.
— O que são bilhões diante da perda de soberania e identidade?
Como estava perdendo meu tempo, embora muito tempo me sobrasse naquele tempo, inventei uma desculpa e caí fora...."
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