Na volta do feriado, investidores enfrentam uma quarta-feira recheada de eventos importantes que devem mexer no humor da bolsa.
Depois de meses de mistério, o Fed, banco central dos EUA, deve finalmente anunciar hoje o início do "tapering" – um nome chique para o processo de retirada de estímulos à economia americana. Desde que a pandemia começou, o Fed vinha injetando cerca de US$ 120 bilhões na economia por mês através da compra de títulos, além de manter os juros próximos a zero. Só que, em algum momento, a torneira de dólares teria que começar a fechar, ainda mais com a ameaça global da inflação no pós-pandemia.
Esse momento finalmente deve chegar hoje, com a reunião do Fed que termina à tarde. O mercado, que vinha chorando a qualquer menção da retirada de estímulos nos meses passados, já se conformou com o fim da ajudinha. Tanto que ontem os índices acionários americanos tiveram forte altas e renovaram suas máximas históricas de fechamento. Por lá, todo esse otimismo vem ancorado numa forte temporada de balanços corporativos: das 347 empresas que fazem parte do S&P 500 e divulgaram seus resultados do terceiro trimestre, 83% superaram as expectativas do mercado.
Hoje, os índices futuros não têm sinal único à espera da decisão do Fed. As bolsas na Ásia e na Europa amanheceram sem direção definida também esperando por novidades dos EUA.
Jerome Powell, presidente do Fed, já prometeu que o desmame será gradual, para que o mercado se acostume; espera-se que o órgão anuncie hoje uma redução mensal de US$ 15 bilhões na compra mensal de títulos. Agora, os analistas do mercado têm um novo passatempo: tentar descobrir quando o Fed vai anunciar o aumento dos juros em terras americanas – algo que pode acontecer ainda no ano que vem. Não se sabe se o banco central americano vai dar algum indício de quando isso pode acontecer na decisão de hoje, porém.
Por aqui, os investidores até mantêm um olho ao norte (afinal, a chuva de dólares também ajuda nossa economia), mas a atenção mesmo vai para Brasília. Hoje a Câmara dos Deputados deve votar a PEC dos Precatórios, o plano A do governo Bolsonaro para conseguir financiar o Auxílio Brasil, o Bolsa Família turbinado que o presidente busca distribuir em ano eleitoral. O texto em votação pedala parte dos precatórios (as dívidas que a União precisa pagar após decisão judicial) para 2023 e também eleva o teto de gastos, abrindo mais de R$ 90 bi para o governo financiar seu projeto populista.
Ninguém sabe se a PEC passa, porém, nem sequer vai haver quórum para votação. Nesse caso, o plano B do governo é prorrogar o pagamento do auxílio emergencial. De qualquer forma, o futuro fiscal do país fica indefinido.
Nisso, o dia promete ser ruim para a bolsa: ontem não teve negociação por aqui por causa do feriado, mas o iShares MSCI Brazil (EWZ), principal ETF brasileiro negociado em NY, fechou em queda de 1,81%. Os ADRs (recibos de ações) das nossas gigantes também amargaram no vermelho: Vale -4,43%, Petrobras ON -1,27% e PN -1,31%. Isso quer dizer que, apesar das altas em Nova York, o mercado contratou mais uma queda para a B3 hoje.
A ver. Boa quarta-feira com gostinho de segunda.
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