Diretor de vendas internacionais da Globo para quatro continentes, entre 1977 e 1999, José Roberto Filippelli decidiu fixar em livro as suas memórias de um período que foi fundamental para a consolidação da emissora. "A Melhor Televisão do Mundo" (editora Terceiro Nome, 212 págs., R$ 37) descreve o papel do executivo na exportação de alguns títulos marcantes, como "Escrava Isaura", "Malu Mulher" e "Você Decide", e o impacto que alcançaram em diferentes países. O título do livro não é exatamente uma ode à Globo, mas a todas as emissoras que produzem conteúdo nacional de qualidade. "A melhor televisão do mundo é aquela que dialoga com seu público sobre seus próprios costumes, seu cotidiano, suas dificuldades e suas aspirações", escreve. Não espere grande revelações ou indiscrições. Filippelli é muito elegante ao reconstituir a sua trajetória, mas enriquece a compreensão sobre a inserção internacional da Globo. "A verdade é que a Globo, tão grande no Brasil, era minúscula no mercado internacional", observa. O executivo relata que os programadores europeus consideravam as novelas brasileiras longas e pouco sofisticadas. É quando surge uma versão de "Escrava Isaura" (1976) em 30 capítulos, editada para tapar um buraco da programação da Globo após a exibição de "Cabocla", em 1979. É esta versão bem enxuta da novela protagonizada por Lucélia Santos que vai se tornar o cartão de visitas da Globo Internacional. É até difícil chamar de novela um programa com apenas 30 capítulos, mas foi assim que Filippelli conseguiu conquistar inúmeros mercados. Menos conhecidas, mas igualmente muito interessantes, são as histórias sobre o impacto da série "Malu Mulher" e do "Você Decide" no exterior. Ambos os programas foram vistos como ousados e originais mesmo em mercados considerados mais progressistas ou avançados que o Brasil.
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