O Big Bother Brasil não é um programa para os fracos: é quase impossível passar de forma plena e tranquila assistindo aos confinados interagindo, por vezes, de forma um tanto quanto difícil. Não à toa, o programa sempre rende diversas polêmicas e levanta debates bastante pertinentes —basta ver, por exemplo, a minissérie BBB Casos de Polícia, produzida pela plataforma MOV.doc e que conta como algumas histórias extrapolaram as telinhas e foram parar no noticiário policial. A edição 21 não seria exceção a essa regra e trouxe para o debate nacional algumas questões envolvendo a saúde mental. Termos como transtorno, ansiedade, depressão e até tortura psicológica dominaram as discussões na rede nos últimos dias muito porque as situações expostas no programa levantaram questionamentos acerca dos problemas. Um dos temas mais falados (e que ainda está rendendo enquanto escrevo esta newsletter) é a forma como a cantora Karol Conká está tratando o ator Lucas Penteado. Antes amigos, os dois se desentenderam durante uma festa na casa e a funkeira decidiu perseguir o participante —ela declarou, inclusive, que queria deixar "o menino tantã". Os gatilhos das cenas dos dois foram tantos que ela começou a ser acusada de praticar tortura psicológica —um abuso tão intenso que pode levar a vítima a questionar sua sanidade mental. De fato, cenas de violência e com um teor emocional exacerbado mexem com o público, provocando sensações de desconforto. Se a pessoa sofreu um estupro ou racismo, por exemplo, provavelmente ao ver uma situação semelhante em alguma produção, mesmo que fictícia, terá lembranças ruins. Esse é o tal do gatilho: uma série de emoções e comportamentos que podem ser desencadeados diante de situações ruins e até boas. Mas Karol não foi a única a dar declarações controversas. Fiuk começou o jogo lembrando como foi difícil lidar com o diagnóstico de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção) e ainda provocou revolta por supostamente chorar demais —um quadro comum e até esperado dentro do confinamento, um ambiente com muito estresse. Mas ele não poupou críticas à Juliette, que disse tomar remédios para a ansiedade e dor no estômago. O cantor insinuou que a advogada se faria de vítima e que tomar água com limão resolveria o problema no estômago (mas ignorou o fato de que a ansiedade, muitas vezes, também causa problemas gastrointestinais). Se, por um lado, é difícil assistir aos participantes sofrendo com tanta pressão, por outro, o programa acaba sendo uma forma de estimular a conversa a respeito dessas condições, algo importantíssimo quando falamos de doenças mentais —que naturalmente costumam provocar desconforto e são pouco debatidas. De uma coisa podemos ter certeza: as tretas vão continuar. E que possamos refletir sobre elas de forma lúcida.
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