| Olar! :) Como tá essa semana de não-Carnaval? Amo muito essa festa e fico arrasada pensando em todo mundo que depende dela economicamente e no quanto essa catarse coletiva é importante pra gente sobreviver no Brasil. Ainda assim, confesso que não senti falta da folia. Talvez porque já tinha vivido esse luto há quase um ano, quando percebi que a pandemia ainda duraria muito. Talvez porque a ideia de aglomerações me parece já tão surreal que é quase como se nunca tivesse existido. Talvez porque tenho o privilégio de estar vivendo semanas muito especiais aqui na Bahia. Tão especiais que resolvi prolongá-las. A princípio, eu voltaria pra Recife na sexta-feira. Mas não comprei a passagem de volta porque pensei que, nesse cenário pandêmico, tudo poderia acontecer. Felizmente, o que aconteceu foi que resolvemos estender o aluguel da casinha e ficar mais tempo vivendo essa rotina delicinha. Viver a três minutos do mar tem sido mais poderoso do que eu podia imaginar. Já sabia que sou mais feliz perto da praia, mas nunca tinha passado tanto tempo juntinho dela. Venho estreitando minha relação com as águas salgadas de um jeito bem bonito, e essa semana até ouvi o mar respirar. Também tá sendo incrível trabalhar de frente pra um quintal onde beija-flores beijam papoulas e outros passarinhos que não sei nomear bicam as acerolas que não dei conta de colher e o enorme cacho de bananas que tiramos do pé. Depois, é hora de deitar na rede pra ler um livro (atualmente, Coral e outros poemas, de Sophia de Mello Breyner) e esperar a lua nascer. Mas a melhor parte é estar junto de duas mulheres incríveis com quem aprendo todos os dias. Eu vinha sentindo uma falta imensa de viajar, muito menos pelos lugares bonitos a conhecer e mais pelas trocas com gente que vê o mundo como eu e pelo encontro com uma versão de mim que muito me agrada.  Passar essa temporada aqui foi a solução que encontrei pra voltar a respirar mais leve sem colocar a mim e outras pessoas em risco. Sei que não é possível pra todo mundo, e espero que vocês encontrem as próprias formas de enfrentar esses tempos sombrios (pandêmica, política e humanamente) com alguma leveza, sem deixar de lado a responsabilidade. Também espero que, passadas as poucas semanas que me restam antes de voltar à "cidade grande", eu consiga continuar me aproximando da minha criatividade, da natureza e da paz que existe dentro de mim. Você se sente um(a) impostor(a)? "Eu sou uma farsa", "Não tenho competência pra isso", "Vão descobrir que não mereço". Você costuma pensar assim? Isso tem nome: Síndrome de Impostor(a). "A síndrome em questão ocorre com pessoas que desempenham suas atividades normalmente, possuem o reconhecimento de outras pessoas e, mesmo assim, duvidam do mérito de suas ações. Por isso, constantemente, se questionam: como as coisas estão dando certo? Por que isso está acontecendo comigo?", explica Sabrina Ferrer, psicóloga-chefe da plataforma FalaFreud, na matéria "Síndrome de Impostor: como lidar com os pensamentos que nos sabotam?", do Huffpost Brasil (hoje fora do ar). A sensação de ser uma farsa, que pode aparecer no trabalho, nos estudos ou em outras áreas da vida, foi o tema da primeira edição do Abra Suas Janelas, projeto xodó que lancei em janeiro. No dia 31, organizei uma roda de conversa online sobre o assunto e foi a coisa mais linda! Uma galera querida que já conheço pessoal ou virtualmente + outras carinhas novas passaram duas horas e meia expondo vulnerabilidades e acolhendo os desabafos e reflexões de cada um(a), e me ensinaram um tanto. <3 Essas trocas e os feedbacks que recebi depois foram tão legais que resolvi criar um canal no Telegram pra compartilhar conteúdo e reflexões relacionadas aos temas dos livretos, e pra dar continuidade a essas conversas. Pra entrar é só clicar aqui, e pra ler o livreto com 35 páginas de conteúdo sobre Síndrome de Impostor(a), vem nesse link aqui. Agradeço demais a quem se animar a contribuir com esse projeto, seja financeiramente ou não. :)  Qual é sua relação com a produtividade? Brinquei lá no Instagram que o roteirista da minha vida tá cheio de ironia, porque logo enquanto trabalho no livreto sobre perspectivas críticas à produtividade,que vai ser o tema da próxima edição do Abra Suas Janelas, a minha produtividade ficou bem comprometida: meu computador quebrou. Tudo indica que não tem conserto, ao menos durante meu período aqui em Cabrália. Minhas amigas maravilhosas têm me emprestado os computadores delas (pra escrever essa newsletter aqui, por exemplo), mas tive que aceitar que por enquanto vou produzir menos do que planejei. Fiquei chateada no início, mas como diz minha mãe, "o que não tem remédio, remediado está". E como disse minha psicóloga, vai ser bom ter essa "desculpa" pra me preocupar menos com resultados e focar mais em simplesmente viver. Sim, a produtividade é uma questão recorrente nas minhas sessões de terapia. Amo criar coisas e isso me realiza, mas como sempre, é preciso equilíbrio. Pauto muito da minha vida por desempenho, o que me provoca ansiedade, sufoca meu potencial criativo e poda minha espontaneidade. Sei que essas questões têm raízes individuais, mas também têm muito a ver com a sociedade atual. A cultura capitalista nos ensina que não temos valor inerente, mas só quando estamos produzindo coisas (monetizáveis, de preferência). E como diz Byung-Chul Han no Sociedade do Cansaço, "a sociedade de desempenho é uma sociedade de autoexploração". Não quero ser carrasca de mim mesma, e entender o que tá por trás disso a nível individual e coletivo tem sido super importante pra mim. Como é a relação de vocês com a produtividade? Responde aí e me conta!  O que tem rolado lá no blog Amei fazer uma entrevista sobre gordofobia em viagens com Polly Marques do Instagram @viajagorda. Também falei sobre Onde se hospedar em Maragogi, dei Dicas e roteiro pela Chapada Diamantina, contei quais são, na minha opinião, as Melhores praias de Pernambuco e sugeri lugares legais Onde ficar na Praia dos Carneiros. Outras janelas que abri por aí Me encantei pelo livro Da Arte das Armadilhas, de Ana Martins Marques, oficialmente uma das minhas poetas preferidas. Adorei a aula aberta "Namastrêta: chega de auto-aperfeiçoamento sem fim", da Perestroika (que tá com um curso aparentemente maravilhoso). Curti muito o episódio Trabalho em Transição do ótimo podcast Outras Mamas. Um abracinho virtual apertado, Luísa |
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