"Hospital não é lugar de polícia, não é lugar de desconfiar da mulher. É lugar de acolher suas necessidades e acreditar em sua palavra" Helena Paro, obstetra, sobre portaria do Ministério da Saúde que dificulta o aborto legal Ainda como parte da tormenta causada pelo caso da menina de dez anos do Espírito Santo, que foi estuprada, engravidou e teve de passar por uma odisseia para conseguir o aborto a que tinha direito, nos últimos dias o Ministério da Saúde publicou uma portaria que cria mais obstáculos para as mulheres conseguirem interromper a gestação dentro dos limites estabelecidos pela lei. Como escreveu nossa colunista Maria Carolina Trevisan, "as novas medidas expõem a vítima de violência a mais constrangimentos, tornam o processo mais burocrático e revitimizam a mulher violentada —tudo isso com um verniz que aparenta buscar punição ao agressor". Grupos de defesa dos direitos das mulheres e políticos correram pra se manifestar contra a medida. Para cada tentativa de retrocesso como essa, tem muita gente agindo pra que os direitos das mulheres e de outras minorias seja preservado. Ainda bem! Veja aqui algumas iniciativas recentes de gente que não larga a mão de quem mais precisa: 1. Nós também. Na esteira de denúncias de abuso sexual de várias mulheres contra um produtor de cinema, um grupo de juristas criou nesta semana o #MeTooBrasil. O grupo promete prover "apoio jurídico, psicológico e socioassistencial" às vítimas e encaminhar as denúncias aos órgãos competentes. 2. Juiz mão na massa. Nos Estados Unidos, o juiz James Boasberg bloqueou uma ordem do presidente Donald Trump que tiraria proteção a pessoas LGBTQ+ na área da saúde. A medida de Trump abria espaço para discriminação por orientação sexual e identidade de gênero por médicos e hospitais. 3. Fé nos direitos. O caso do aborto da menina de dez anos pareceu polarizar dois grupos: o de religiosos contra o aborto e o de "leigos" a favor do direito de interromper a gravidez. No meio deles, no entanto, há mulheres para quem a religião e a fé não são empecilho para defender o direito ao aborto legal e seguro. "Existe um avanço muito grande de pessoas cristãs que lutam pela democracia e por direitos humanos", diz Camila Mantovani, da Frente Evangélica pela Legalização do Aborto. 4. Por mais líderes mulheres. Em artigo para a revista The Atlantic, a ex-senadora americana Hillary Clinton destaca que, para líderes como Trump e o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, "a vontade de diminuir os direitos das mulheres está entrelaçada com a busca por poder político". Quando o oposto acontece, ela escreve, e "mulheres e meninas participam da democracia, os benefícios se propagam por toda a sociedade". 5. Heroína da resistência. Depois de os habitantes da Casa Nem, abrigo para pessoas LGBTQ+ em situação de vulnerabilidade, no Rio, terem sido despejados, a sua fundadora, Indianara Siqueira, segue na luta por um novo local para o grupo. "Na verdade, eu faço um trabalho que o governo deveria fazer", diz. |
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