O marco mesmo veio no dia 10 de julho de 2020. Após um tropeço em outubro de volta ao dois dígitos, os 100k voltaram em novembro, para dali em diante nunca mais retornar aos dois dígitos. Muito pelo contrário: em junho deste ano, o Ibov chegou a 130.776 pontos, a máxima histórica. Se rolou alguma festa na Faria Lima, porém, ela rapidamente virou um enterro (como diz o meme).
De lá para cá, o jogo virou, e virou feio: queda de 21% em seis meses. Os 100k voltaram a ser um símbolo, não mais de recuperação, e sim de queda livre. Hoje, o Ibovespa fechou aos 102.426 pontos, na quarta queda seguida, dando indícios que os três dígitos podem voltar a assombrar o mercado.
A espiral negativa que vem afundando o índice você já conhece: os anseios populistas do governo federal em ano eleitoral ameaçam as contas públicas; a PEC dos Precatórios, que o mercado escolheu ver como a solução "menos pior", deve ser modificada no Senado. A inflação aumenta a níveis preocupantes, enquanto a economia não avança – há quem preveja recessão para 2022. Nesse cenário, não tinha como ser diferente:
a B3 chegou a ganhar da Bloomberg o título de "pior bolsa do mundo".
No fim, nada conseguiu injetar otimismo nos investidores para deixar a maré negativa de lado. A queda do Ibovespa foi de 0,51%, enquanto o dólar avançou 0,83%, a R$ 5,56.
Minério e Vale
As notícias que vêm de fora também não ajudam. Hoje, o minério de ferro caiu 4,18% no porto chinês de Qingdao, cotado a US$ 87,27 por tonelada; no ano, a desvalorização é de 45%. A commodity sofre com interferência do governo chinês no mercado, limitando a produção do aço e diminuindo na marra a demanda pelo minério. A justificativa é ambiental – reduzir as emissões de gases de efeito estufa do país asiático,que busca a neutralidade de carbono até 2050 –, mas o regime de Xi Jinping também busca reduzir a inflação da commodity
Nisso, quem também sangra são as ações das nossas mineradoras e siderúrgicas, a começar pela Vale, cujos papéis representam 11% do Ibovespa e fecharam numa queda expressiva de 4,11%. Além dela, figuraram entre as maiores perdas do índice Usiminas (6,17%), CSN (5,35%), Gerdau (4,11%) e Bradespar (4,32%) – uma das controladoras da Vale, com participação de 5,73% ali.
Isso tudo enquanto os índices americanos renovam recorde histórico de fechamento (de novo). Por lá, as techs puxam o otimismo. Aliás, a boa maré do setor respingou por aqui. Quem liderou na ponta das altas no Ibovespa foi uma expoente do setor, a Méliuz: alta de quase 10% depois de o Bank of America ter elevado a recomendação dos papéis da empresa de cashback de "neutro" para "compra". Outra tech brasileira fechou entre as maiores altas também: a Locaweb, com mais de 3%.
Até amanhã.
Maiores altas
Méliuz (CASH3): 9,95%
Alpargatas (ALPA4): 4,95%
NotreDame Intermédica (GNDI3): 3,77%
Hapvida (HAPV3): 3,73%
Qualicorp (QUAL3): 3,06%
Maiores baixas
Usiminas (USIM5): 6,17%
CSN (CSNA3): 5,35%
Petrorio (PRIO3): 4,38%
Bradespar (BRAP4): 4,32%
Vale (VALE3): 4,11%
Ibovespa: -0,51%, aos 102.426 pontos
Em Nova York
S&P 500: 0,34%, aos 4.704 pontos
Nasdaq: 0,45%, aos 15.993 pontos
Dow Jones: -0,17%, aos 35.870 pontos
Dólar: 0,83%, a R$ 5,56
Petróleo
Brent: 1,20%, a US$ 81,24
WTI: 1,11%, a US$ 78,41
Minério de ferro: -4,18%, negociado a US$ 87,27 por tonelada no porto de Qingdao (China)
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