Pressionado por exportadores agrícolas, o governo brasileiro mudou o tom sobre o clima, mas as promessas de redução de desmatamento e de emissões não serão suficientes. Quem afirma é o colunista Jamil Chade. Ao UOL, o vice-presidente da Comissão Europeia e chefe do capítulo climático do bloco, Franz Timmermans, que acenou de forma positiva para a possibilidade de uma volta do tratado comercial entre UE e Mercosul na pauta política. Mas hesitou em confirmar se seria suficiente para a ratificação final do tratado que foi negociado por 20 anos e que está parado diante da resistência dos europeus. Em 2019, o acordo entre os dois blocos foi fechado. Mas, para entrar em vigor, precisará ser ratificado por todos os países. Nos últimos meses, diversos governos europeus deixaram claro que não irão chancelar o projeto, muito pro causa da política ambiental do governo Bolsonaro. Na semana passada durante a Conferência da ONU para Mudanças Climáticas, o governo brasileiro abandonou um discurso contra qualquer medida ambiental e, pressionado pelos exportadores agrícolas, optou por fazer anúncios de promessas de compromissos na redução de emissões e desmatamento. Ainda que seja com dados manipulados, incompleta e sem detalhes, a proposta do Brasil era o que a Comissão Europeia queria para poder recolocar o debate sobre um acordo comercial na pauta política. Nos bastidores, diplomatas europeus explicaram à coluna que Bruxelas quer usar a nova postura do governo brasileiro para incentivar o país a tomar um caminho diferente do desmonte promovido por Ricardo Salles, ex-ministro. Mas as desconfianças ainda são profundas. Em diferentes reuniões nesta semana, em Glasgow, a delegação brasileira foi questionada por parlamentares europeus sobre a aprovação de projetos de lei que poderão ampliar o desmatamento. Governos como o da França e outros insistiram que não existe, pelo menos por enquanto, condições para destravar a ratificação do tratado. Na newsletter Olhar Apurado de hoje, trazemos uma curadoria com os pontos de vista dos colunistas do UOL, que acompanham de todos os ângulos a repercussão do noticiário.
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