sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Mercado global vira abruptamente e aponta para uma sexta-feira indefinida

Abril Comunicações
ABERTURA DE MERCADO
 
Índices futuros dos EUA subiam com força na madrugada, mas o jogo mudou no início da manhã.
 
 
Por Bruno Carbinatto e Alexandre Versignassi
 
 
A nave global seguia suave. A renovação do recorde histórico no S&P 500 ontem contagiou boa parte do mercado na Ásia, e o índice CSI 300, das bolsas chinesas de Xangai e Shenzhen, fechou em alta de mais de 1%.
 
A Europa também seguia no positivo, mas virou para o vermelho no início da manhã. Idem para os índices futuros dos EUA. O S&P 500 apontava para uma alta substancial de 0,40%, mas só até por volta das 7h, quando virou para o negativo: -0,11% às 7h40. O Dow Jones, índice mais seleto, com apenas 30 mega-empresas, apontava ainda mais para o sul: -0,37%.
 
A notícia ruim, ao menos para os europeus, veio da Alemanha. O Índice de Preços ao Produtor (PPI, equivalente ao IGPM por lá) subiu 3,8% em outubro – bem mais que os 1,4% de setembro, e daquilo que o mercado projetava, 2,3%.
 
No ano, o PPI alemão foi a 18,4%. Se já é difícil imaginar uma inflação dessas em reais, imagina em euros. De fato: é a maior alta no índice em 70 anos. Eles não viam nada assim desde 1951.
 
Quem segura as pontas (e bem) é outro índice dos EUA, o Nasdaq 100, composto majoritariamente por empresas de tecnologia: alta firme de 0,38%, impulsionada por resultados fortes nesta temporada de balanços e pelo alívio no gargalo de produção de chips e semicondutores.
 
Por aqui, quem manda na bolsa é outro mercado: o da troca de favores em Brasília, para a eventual aprovação no Senado da PEC dos precatórios, a ferramenta que o governo arrumou para furar o teto de gastos sem querer querendo.
 
Resta saber se o mercado lerá com bons olhos as mudanças que os senadores pretendem colocar no texto, como a de tornar definitivo o valor de R$ 400 para o Auxílio Brasil. A proposta inicial era a de pagar isso só até dezembro de 2022, logo após as eleições – por motivos óbvios. Depois, o valor cairia para R$ 220.
 
O aumento temporário para angariar votos não tem justificativa moral. Um aumento permanente não teria justificativa fiscal. O dinheiro para 2022 vem da pedalada nos precatórios, mas essas dívidas seguirão se acumulando. E o governo do futuro, seja ele qual for, terá de inventar novas artimanhas para sair do vermelho. De truque em truque o Brasil vai deixando para trás qualquer fiapo de seriedade que restava. O ibovespa, que fechou ontem em sua pior pontuação no ano, apenas reflete isso.
 
Boa sexta
 
 
O dia começou com tendência de... alta
 
• Futuros S&P 500: -0,11%
• Futuros Nasdaq: 0,38%
• Futuros Dow: -0,37%
 *às 7h40
 
 
• Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,30%
• Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,21%
• Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,03%
• Bolsa de Paris (CAC): -0,18%
 *às 7h45
 
 
• Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 1,08%
• Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,50%
• Hong Kong (Hang Seng): 1,07%
 
 
• Brent: -1,87%, a US$ 79,72
• Minério de ferro: 5,06%, a US$ 91,69 em Qingdao (China)
*às 7h35
 
 
Dia de agenda esvaziada
 
 
Fintechs na mira
A Reuters noticiou ontem que o governo deverá apertar sua regulação sobre as fintechs nesta sexta-feira. A decisão foi tomada em reunião extraordinária do Conselho Monetário Nacional (CMN) nesta quinta-feira, segundo afirmaram três fontes à agência de notícias.
 
No ano passado, o Banco Central fez uma consulta pública para discutir o tema. Os grandes bancos pressionam o governo para regulações mais rígidas para fintechs, que, segundo os bancões, são favorecidas pelas regras mais frouxas, apesar de muitas já terem atingido patamares maiores.
 
É que, por serem consideradas Instituição de Pagamento, e não banco, as fintechs precisam seguir menos regras. A possível mudança vem enquanto o Nubank prepara seu IPO nos Estados Unidos – valendo US$ 50 bilhões, mais que os US$ 38 bilhões do Itaú, o maior banco brasileiro.
 
O trono do Fed
Joe Biden disse que, até o fim desta semana, fará sua escolha para quem deverá comandar o Fed, o banco central americano, pelos próximos quatro anos. O mandato do atual presidente, Jerome Powell, vai até fevereiro do ano que vem – e ele é favorito para ser nomeado para um novo reinado.
 
Mas nem todos estão felizes com essa possibilidade. A ala mais à esquerda do Partido Democrata prefere a nomeação de Lael Brainard, economista que também integra o Fed, porque ela se mostra favorável a regulações mais pesadas no sistema bancário, enquanto Powell é mais amigável com os bancões. Joe Biden já entrevistou os dois candidatos e sua decisão está cercada de mistérios. De qualquer forma, o nome deverá ser aprovado no Senado – e, como os democratas tem uma maioria bastante estreita, a novela deve ir longe.
 
 
Value investing
A técnica de Warren Buffett para escolher quais ações comprar pode ajudar você a formar um patrimônio à prova de intempéries no longo prazo – sem colocar o seu dinheiro em aventuras arriscadas. Aqui, na edição de novembro da VOCÊ/SA.
 
Amigas e rivais
Peter Rawlinson é o engenheiro por trás do Tesla Model S, lançado em 2012 e que ajudou a catapultar a empresa de Elon Musk – de uma companhia experimental para uma montadora de verdade. Peter saiu da Tesla e é, desde 2019, o CEO da Lucid Motors, uma das concorrentes que tenta desbancar a Tesla nas vendas de carros elétricos. Mas o caminho para Rawlinson não é nada fácil. Leia essa história nesta reportagem do The New York Times, em inglês.
 
 
 
 
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