O jornal norte-americano The Wall Street Journal publicou uma série de artigos em um especial chamado The Facebook Files (os arquivos do Facebook) mostrando que a rede social sabia com profundidade de falhas e dos sérios problemas causados por suas plataformas.
O jornal teve acesso a documentos internos, incluindo relatórios de pesquisa, discussões online de funcionários e até apresentações feitas para a alta administração, e mostrou que existe um programa interno chamado de XCheck, voltado para contas de alta repercussão. Na prática, o programa permite que essas contas burlem as regras da plataforma à vontade, explica o colunista Ricardo Cavallini. "Para alguns membros selecionados de nossa comunidade, não estamos aplicando nossas políticas e padrões. Ao contrário do resto da nossa comunidade, essas pessoas podem violar nossos padrões sem quaisquer consequências", diz um dos documentos analisados pelo jornal.
Políticos disseminando fake news ou fazendo apologia a crimes podem se valer do programa do Facebook. O grupo também conta com algumas celebridades. A reportagem citou como exemplo o fato de Neymar ter postado fotos nuas da mulher que o acusou de estupro. O fato de o astro ter dezenas de milhões de fãs, sendo muitos deles adolescentes e crianças, é um agravante neste caso. Cavallini lembra que apesar de a empresa ter como regra a idade mínima de 13 anos, sabemos que isso também não é respeitado. Os documentos também indicam que Mark Zuckerberg negou propostas de melhorias e sugestões feitas por seus funcionários. Deixar a plataforma menos agressiva poderia diminuir a interação com a rede social. De acordo com a reportagem, o Facebook sabe com profundidade como o Instagram está sendo tóxico para as meninas adolescentes, gerando frustrações relacionadas a beleza, atratividade, dinheiro, amizades, solidão e depressão, causando ou agravando severamente a saúde mental e a autoestima das adolescentes.
Na opinião do colunista de Tilt, não há surpresa nesse escândalo. Mesmo assim, é um pouco assustador saber que o Facebook tinha planos para lançar uma versão do Instagram para crianças. "É apenas mais um escândalo (ou mais alguns), o correto nem seria chamar de escândalo, mas sim de consistência. E justamente por essa consistência, e nos assuntos mais relevantes dos tempos atuais, como privacidade, depressão e o ataque à democracia, é que precisamos falar sobre isso. É preciso dar um basta", escreveu Cavallini.
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