O ano de 2020 tem sido um teste e tanto para investidores de todos os perfis do mercado. A taxa básica de juros no menor patamar da história e a volatilidade da Bolsa em meio à crise econômica provocada pelo coronavírus afetaram as mais diferentes carteiras —dos mais conservadores aos mais agressivos. Isso vale também para quem têm previdência privada. Entre os 27 tipos de fundos de previdência, segundo a classificação da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), oito deles estão com variação negativa em 2020. O pior desempenho é o do fundo Previdência Ações Indexados, com -12,9% até a última sexta-feira (7). No acumulado em 12 meses, são dois os fundos com perdas. A perda recente não é, por si só, motivo para sair sacando recursos porque esse tipo de produto tem horizonte de resgate no longo prazo, dizem especialistas. Mas o momento justifica, sim, reavaliar a carteira de previdência privada. O que levar em conta para avaliar o desempenho do fundo?Alguns indicadores devem ser usados como referência: - CDI: é a principal referência. Os fundos devem superá-lo no longo prazo.
- Ibovespa: fundos que aplicam em ações devem buscar um retorno alinhado com o desempenho médio do índice, que é o principal da Bolsa brasileira.
- Inflação: a queda da taxa básica de juros deixou o CDI muito baixo, inclusive perdendo da inflação. Se a aplicação render menos que o custo de vida, não há ganho real.
Pensando a longo prazo, a volatilidade dos ativos da carteira não é preocupante, desde que a carteira esteja rendendo acima da inflação. Esse é o primeiro passo para saber se sua previdência está indo bem ou mal. Bernardo Pascovich, CEO da plataforma de comparação de investimentos Yubb Muita coisa mudou nos últimos temposMesmo que a carteira esteja rendendo acima da inflação, profissionais de mercado recomendam que o aplicador cheque se sua carteira não está desatualizada. Contratos que foram fechados quando a Selic, a taxa básica de juros, era superior a 10% merecem uma revisão. Naquela época, aplicar apenas em fundos de renda fixa parecia ser suficiente para garantir a renda na aposentadoria. Agora, com uma Selic a 2% ao ano, os produtos tradicionais não entregam essa mesma possibilidade. Por isso, a diversificação da carteira deve ser colocada em pauta. "Os planos de previdência hoje podem investir em outros ativos além de renda fixa. O perfil do investidor pode não ter mudado, mas o percentual que um aplicador conservador deveria colocar em renda variável anos atrás, por exemplo, pode não ser o mesmo hoje", diz Pascovich. Atenção às taxasApós avaliar o desempenho dos fundos, reveja os custos das aplicações, recomenda Carlos Castro, planejador financeiro da Planejar. De pouco adianta o rendimento superar a inflação se as taxas estão corroendo o ganho final. Uma taxa de administração de 2% quando o CDI era de 14% tinha um peso bem menor que hoje, quando o CDI é de 2% ao ano. Carlos Castro, planejador financeiro da Planejar Que tipo de mudança posso fazer no meu plano?Ficou insatisfeito com o desempenho da sua carteira de previdência privada? Há dois tipos de mudança possíveis: - Alterações dentro do próprio plano: Um plano de previdência privada é formado por aplicações em vários fundos. O participante pode alterar os fundos dessa carteira, dentro de um mesmo plano, sem nenhuma penalidade. Basta conversar com o gestor e escolher o produto que faz mais sentido. Por exemplo, há diversos produtos de renda fixa no mercado, oferecidos por diferentes gestores. Se dois deles têm o mesmo histórico de rendimento, vale comparar as taxas de administração.
- Transferir dinheiro para outro plano: É possível pedir a portabilidade do plano, transferindo os recursos para outra gestora. Isso exige uma cuidadosa pesquisa de mercado para comparar o desempenho de seu produto com os demais disponíveis. Consultores e planejadores financeiros podem ajudar nessa tarefa. Só é possível migrar os recursos de um PGBL para outro PGBL e de um VGBL para outro VGBL. Se seu plano tiver tabela tributária regressiva, o novo plano também deve ter. Se o plano atual tiver tabela progressiva, o novo poderá mantê-la ou trocá-la pela regressiva.
Quem tem previdência privada em parceria com a empresa onde trabalha deve pensar duas vezes caso a empresa também contribua com um depósito mensal. "Para esses casos, não recomendo a portabilidade porque a contribuição da empresa acaba proporcionando um rendimento que dificilmente será batido por um outro plano sem patrocínio da empresa", diz Pascovich. Pergunta da semanaA leitora Ana Riani diz: "Gostaria de dicas de cursos online sobre investimentos, economia e área financeira para iniciantes". Nesse início, recomendo buscar cursos em instituições que tenham entre seus principais objetivos disseminar conhecimento sobre o mercado financeiro. Dentre as opções que existem hoje eu destaco o curso gratuito de gestão financeira e outros que ainda serão lançados pela Planejar neste semestre; os sites de CVM, Anbima, B3 e Banco Central, nos quais você também encontrará muitos cursos gratuitos que poderão servir de base para a construção contínua de conhecimento sobre o mercado financeiro. A resposta é de Carlos Duarte, planejador financeiro certificado pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros). Queremos ouvir vocêTem alguma dúvida ou sugestão sobre investimentos? Mande um email para uoleconomiafinancas@uol.com.br |
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