"Quando meu filho verá pessoas negras na escola e sem estarem em posição de serviçais?" Constantes questionamentos como este, feitos por pais e responsáveis de alunos em colégios de elite em São Paulo, têm mudado o acesso e rotina escolar da rede privada dos endinheirados. No Colégio Vera Cruz, por exemplo, desde 2019 famílias brancas passaram a exigir representatividade, tanto entre os estudantes quanto no corpo docente. Neste ano, a escola implementou ações concretas: oferece duas bolsas integrais por turma do ensino infantil até o ensino médio, prevê a contratação de equipe que privilegie negros e propõe a discussão de temas relacionados ao racismo em sala de aula. Vejo como positivo o movimento, mas é preciso ressaltar o tempo que levou para que essas instituições formadoras da elite branca dessem esse passo de reparação histórica." Clélia Rosa, consultora dos colégios Vera Cruz, Santa Cruz e Gracinha No Brasil, menos de 10% de todos os alunos das 20 melhores escolas privadas são negros, segundo um levantamento da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) com base no Censo Escolar de 2020. Projetos como o do Vera Cruz chegam com atraso de quase duas décadas, pois a lei 10.639, que define a valorização da cultura e história afro-brasileira em sala de aula, é de 2003. Na rede pública, uma das experiências mais exitosas foi registrada no livro "Vozes da Emei Nelson Mandela". Por isso, a diretora da escola, Cibele Racy, foi incluída na lista das 100 Mulheres Mais Influentes do Mundo, da BBC. Ainda assim, Cibele pontua que, quanto mais se avança, mais há enfrentamento. Em 2011, o muro da Nelson Mandela amanheceu pichado: "vamos cuidar de nossas crianças brancas", junto de uma suástica nazista. "Isso serviu para assumirmos que o racismo ainda é forte e sermos mais combativas", diz. *** NÃO PASSOU BATIDO... Impresso com suásticas na capa, o livro sobre o abolicionista Luiz Gama, da editora Mostarda, começou a ser recolhido nesta segunda (28). A publicação foi distribuída a alunos da rede municipal de Campinas (SP), e símbolo nazista só foi apontado nas redes sociais pela vereadora da cidade, Guida Calixto (PT). *** GOL CONTRA... No Qatar para acompanhar a Copa do Mundo, Gilberto Gil e a esposa Flora Gil foram alvos de ironias e insultos de alguns apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a partida entre Brasil e Sérvia. Na ocasião, Gil não respondeu ao ataque. Depois, agradeceu a solidariedade dos fãs. "É o terceiro turno, na verdade, dos inconformados querendo manter essa coisa do ódio", disse. FALTA GRAVÍSSIMA... A vitória do Marrocos sobre a Bélgica por 2 a 0 neste domingo (27), na Copa do Mundo, foi histórica: é o primeiro triunfo do país africano em um Mundial desde 1998. O resultado foi comemorado inclusive no território belga, que tem grande comunidade marroquina. Mas as celebrações, no entanto, se transformaram em tumulto e caso de polícia. FORA DO CAMPO... O técnico de Camarões, Rigobert Song, admitiu problema disciplinar do goleiro titular André Onana e o afastou. Por isso, ele não entrou em campo no empate com a Sérvia. O técnico, porém, negou que Onana foi cortado e declarou que o goleiro poderá ser reintegrado. FORA DOS HOLOFOTES... A França pode ser multada pela Fifa pela ausência de Kylian Mbappé nas entrevistas que aconteceram após os jogos na Copa do Mundo do Qatar. A recusa tem algumas justificativas: a incerteza sobre o futuro no PSG e uma antiga divergência com a Federação Francesa de Futebol. |
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