Éééé, gatas e gatos leitores, não só entramos de cabeça na Copa do Mundo como já estamos sofrendo com a tirania da tecnologia: o que fazer com esse VAR que só tá beneficiando seleções europeias até agora, hein? De qualquer forma, não tô aqui pra falar só de Copa com vocês. Estou aqui mais uma semana com o "crème de la crème" do TAB, selecionado a partir de uma curadoria apurada (a minha) diretamente para a caixa de entrada de Vossas Excelências. Não vou enrolar mais do que isso, vem comigo. Vale dos Hereges O especial da semana fica por conta da reportagem belíssima de Lira Neto sobre Belmonte, vila portuguesa localizada em um vale, na Beira Baixa, que concentrou judeus que fugiram da Inquisição por 5 séculos. A vila também é o local onde nasceu Pedro Álvares Cabral e saiu das sombras séculos após o fim do regime salazarista no país. Waka, waka É isso aí, finalmente chegou a Copa do Mundo e a busca pelo hexa (será que vem aí?). A gente não conseguiu ir pro Qatar, mas não significa que não demos nossos rolês na rua para encontrar cenas e pessoas que só o país do futebol poderia nos fornecer. Na estreia do Brasil, o repórter Felipe Pereira acompanhou o jogo junto com os participantes de uma das mobilizações mais 'longevas' do golpismo pós-eleitoral, na frente do 12º batalhão do GAC, às margens da rodovia Anhanguera, em Jundiaí. De hora em hora, manifestantes cantavam o hino brasileiro e rezavam o pai-nosso. Nem deram bola para a seleção — e até vaiaram os gols. O nosso repórter-aventura Rodrigo Bertolotto assistiu ao primeiro jogo da seleção direto do Arena XP, empreendimento inaugurado em junho passado com bar, restaurante, casa de shows e quadras de areia, onde os farialimers têm se encontrado nos últimos meses para o happy hour. Na data, subcelebridades e gente do mercado financeiro debatiam gols e a próxima equipe econômica do governo Lula, entre cervejas e gim tônicas. E, olha só, a maior feira literária do Brasil deu um pause na programação para assistir a estreia do Brasil. Luciana Bugni esteve em Parati, Rio de Janeiro, e conversou com frequentadores da Flip sobre o dilema de usar ou não a camisa amarela da seleção e ser confundido com um apoiador de Jair Bolsonaro. Em Belo Horizonte, o "ranço" do uniforme da CBF também foi pauta. Acompanhamos o jogo na ocupação Izidora na Grande BH, fundada em 2013 em meio à onda de desapropriações que antecedeu a Copa do Mundo de 2014. Viajo porque te amo Adriano Alves trouxe a história emocionante de um ciclista amador que pedalou 3 mil km de Joinville (SC) até a Ilha do Pontal, em Lagoa Grande (PE), para reencontrar o pai, com quem esteve pela última vez quando tinha 1 ano de idade. Agnaldo José de Oliveira, 47, encarou semanas de estrada, chuvas e problemas mecânicos para conhecer o pai, Zé do Pífano, e seus irmãos. No caminho, colecionou memórias, mapas desenhados por estranhos e assinaturas de pessoas que estenderam a mão a ele durante a jornada. Racismo verde e amarelo Por pressão dos próprios pais, preocupados com comportamentos racistas das crianças, colégio paulistanos tradicionais como o Vera Cruz, o Santa Cruz e o Gracinha contam agora com ações afirmativas na primeira infância — com cotas para alunos e docentes negros. As iniciativas, no entanto, esbarram nas contradições de um ambiente social racista e desigual. Em Brasília, também vemos as consequências de um país que não reconhece o próprio passado — e presente — racista. A reportagem de Mateus Araújo conta um incidente na Universidade de Brasília (UnB), onde um docente da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e pesquisador de temas como relações raciais foi questionado sobre uma acusação de racismo feita por ele anos antes. O constrangimento gerou revolta entre alunos e docentes — além de uma pichação acusando o departamento de antropologia de racismo. |
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