segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Estudo sugere que a Ômicron seja pouco letal, e anima os mercados

Abril Comunicações
ABERTURA DE MERCADO
 
Mesmo assim, índices futuros nos EUA não apontam uma tendência clara – mas mostram uma migração do dinheiro gringo, que respinga na nossa bolsa. Entenda.
 
 
Por Alexandre Versignassi e Guilherme Jacques
 
 
Os índices futuros dos EUA operam apontando um para cada lado nesta manhã. Às 8h, o S&P 500 vinha estável (0,01%), o Nasdaq, em queda (-0,58%) e o Dow Jones, o clube mais seleto, que conta apenas com as 30 maiores empresas de lá, em alta (0,33%).
 
Motivo para a alta: o médico Anthony Fauci, que é uma espécie de Drauzio Varella dos EUA (um especialista em quem a população confia) e que, além disso, é o conselheiro da Casa Branca para assuntos de saúde, afirmou no domingo para a CNN que Ômicron "parece não ser tão grave". Sim, ela se espalha com força, mas os casos tendem a ser leves ou assintomáticos.
 
É o que mostra um estudo com pacientes na África do Sul, onde a Ômicron se tornou a variante mais comum. Fauci avisou que ainda é cedo para conclusões definitivas. Mas, claro, os dados são animadores.
 
E porque o Nasdaq sofre, então? Porque ele concentra as empresas de tecnologia – as que mais subiram nos últimos dois anos. Aparentemente, há um movimento de realização de lucro entre quem apostou, e ganhou muito, com o boom do setor. E parte desses lucros vai para ações de empresas mais sólidas – caso do top 30, retratado pelo Dow Jones.
 
As bolsas estrangeiras também têm sido um destino, incluindo a nossa. O fluxo de capital externo na B3 (ou seja, os investimentos que vêm de fora) está positivo em R$ 56 bilhões no ano – isso significa que as entradas superam as saídas nesse volume.
 
Tudo isso num cenário em que o fluxo doméstico cai: -R$ 3,6 bilhões no caso das pessoas físicas e -R$ 65 bilhões no dos investidores institucionais (como fundos de bancos). Ou seja: por enquanto, é o dinheiro gringo que tem segurado as pontas por aqui.
 
Boa semana!
 
 
• Futuros S&P 500: 0,01%
• Futuros Nasdaq: -0,58%
• Futuros Dow: 0,33%
 *às 8h00
 
 
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,20%
• Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,68%
• Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,09%
• Bolsa de Paris (CAC): 0,49%
*às 8h17
 
 
• Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,17%
• Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,36%
• Hong Kong (Hang Seng): -1,76%
 
 
 
• Brent: 2,59%, a US$ 71,69*
• Minério de ferro: 0,46%, a US$ 102,83, no porto de Qingdao na China
*às 8h19
 
 
Dia de agenda esvaziada.
 
 
Mais dívida no rotativo
O financiamento de dívidas por meio do rotativo do cartão de crédito bateu recorde em outubro, com a concessão de R$ 21,6 bilhões, segundo O Globo. É o maior valor da série histórica do Banco Central e 29,9% superior ao mesmo período de 2019. A solução, usada para pedalar as dívidas do cartão, tem a taxa de juros mais alta do mercado: 343,55% ao ano, em outubro – e é um indicativo de aumento da inadimplência nos próximos meses.
 
EUA podem crescer menos em 2022
O Goldman Sachs reduziu a previsão de crescimento dos EUA para 2022, de 4,2% para 3,8%. O motivo é a Ômicron. O temor é de que a nova variante do coronavírus possa agravar a escassez de oferta no país – ao menos no caso de ela ser mais grave do que os primeiros estudos sugerem.
 
Essa escassez é uma das causas da inflação por lá – a falta de semicondutores dimimuiu a produção de carros, e tornou os veículos mais caros; os frigoríficos de portas fechadas durante os lockdowns fez faltar carne, o que aumentou o preço da proteína. Caso um cenário assim retorne, e os preços saiam do controle, o Fed terá de aumentar os juros mais cedo e com mais velocidade do que se espera, para reduzir a ponta do consumo. Desta forma, a inflação baixa, mas o PIB desacelera também.
 
 
A crise dos fabricantes de autopeças
A falta de semicondutores tornou escassa a oferta de carros zero quilômetro no mercado – já que esses componentes são essenciais para a produção de veículos. Nisso, as montadoras deram um jeito de compensar a diminuição no volume de vendas aumentando a margem de lucro por unidade. Só que um dos elos da cadeia produtiva não sentiu o mesmo efeito. O The Wall Street Journal ouviu representantes de empresas que fabricam autopeças. Eles dizem que os constantes cancelamentos de pedidos por parte das montadoras criaram um encalhe que não existia no ritmo de produção normal. Tudo isso em um cenário de contratos assinados por longo prazo, ou seja, sem a possibilidade de se revisarem preços e condições de fornecimento. Leia aqui.
 
Zero quilômetro mais caros
Aqui no Brasil, além da escassez de semicondutores, dois motivos fizeram o preço dos carros novos disparar 30% nos últimos 12 meses. Um deles, é as mudanças nas regras ambientais: a partir de janeiro, carros novos deverão reduzir níveis de ruídos e de emissões. Outro, é o controle de estabilidade, que vai se tornar item obrigatório ao longo dos próximos dois anos. As montadoras já estão gastando para promover essas adaptações, o que afeta os preços dos carros hoje. Na Folha.
 
 
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